Por CoroneLeaks
O ex-diretor da área
Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró, um dos delatores da Operação Lava
Jato, afirmou que a ex-senadora (PT/SC) e ex-ministra Ideli Salvatti (Direitos
Humanos e Relações Institucionais/Governo Dilma) participou de um almoço em
Brasília com o ex-deputado mensaleiro João Paulo Cunha (PT/SP) para tratar da
renegociação de uma dívida de cerca de R$ 90 milhões da Transportes Dalçoquio
com a BR Distribuidora, braço da estatal. Cerveró não apontou o ano do
encontro, mas disse que ‘imagina que a ministra Ideli e outros políticos’
receberam propina pelo negócio.
Desde junho de 2015,
a petista ocupa o cargo de assessora de Acesso a Direitos e Equidade da
Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington. Por meio de sua
assessoria, Ideli informou que ‘não tem qualquer recordação de reunião com
Nestor Cerveró para tratar de qualquer assunto’.
Segundo Cerveró, a
Dalçoquio é a maior transportadora da BR Distribuidora, ‘muito antiga (já foi
inclusive ajudado na época do Fernando Henrique Cardoso) e apoiava diversos
políticos de vários partidos’.
As informações de
Cerveró constam de um documento entregue por sua defesa à Procuradoria-Geral da
República antes de o ex-diretor firmar acordo de delação premiada, o que
ocorreu no dia 18 de novembro de 2015. O documento é um esboço com dados
preliminares daquilo que o delator se compromete a falar detalhadamente às
autoridades. Em junho de 2015, Ideli foi nomeada assessora de Acesso a Direitos
e Equidade da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington.
A Dalçoquio foi
criada em 1968, com apenas cinco caminhões, em Itajaí, Santa Catarina, Estado
de Ideli. Desde seu início, a transportadora já mantinha vínculos estreitos com
a Petrobrás. Apenas sete anos mais tarde, foi firmada parceria com a estatal e
sua frota chegou a cinquenta caminhões.No primeiro semestre de 2015, Laércio
Tomé, acionista do Grupo Tomé Engenharia, de São Bernardo do Campo, adquiriu a
transportadora.
A reunião a que
Cerveró se refere teria ocorrido no período em que ele exercia a diretoria de
Finanças da BR Distribuidora, função que assumiu e na qual permaneceu até 2014
depois que foi exonerado da Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, em 2008.
“Foi realizada uma renegociação da dívida, com o aumento de prazo para
pagamento. Nestor Cerveró não recebeu nada, mas imagina que a min. Ideli e
outros políticos tenham recebido”, registra o documento intitulado ‘Anexo 15′
que a defesa do ex-diretor entregou à Procuradoria-Geral da República.
Ideli Salvatti foi
senadora por Santa Catarina entre 2003 e 2011. A petista assumiu o extinto
Ministério de Pesca e Aquicultura em janeiro de 2011 e ficou no cargo até junho
daquele ano. Em seguida, Ideli se tornou ministra-chefe da Secretaria de
Relações Institucionais do governo Dilma.
Ela ocupou a
Secretaria entre 10 de junho de 2011 e 1 de abril de 2014. Quinze dias depois
de deixar o cargo, Ideli se tornou ministra-chefe da Secretaria de Direitos
Humanos do Brasil, onde ficou entre 1.º de abril de 2014 e 16 de abril de 2015.
O anexo 15 do
documento que Cerveró entregou ao Ministério Público Federal é intitulado
‘Assunto: almoço com ministra Ideli Salvatti (PT) para ajuda financeira à
Dalçoquio’.“A Dalçoquio, maior transportadora da BR, tinha uma dívida de
aproximadamente R$ 90 milhões com a BR Distribuidora. Sobre esse assunto –
ajuda à Dalçoquio – houve um almoço em Brasília com a Ministra Ideli Salvatti,
foi realizado o pedido de renegociação da dívida”, afirmou Cerveró.
Segundo o delator,
na mesma época, também teria sido feita uma reunião com o ex-deputado federal
João Paulo Cunha (PT/SP), condenado a 6 anos e 4 meses de prisão no processo do
Mensalão por corrupção passiva e peculato. Na ocasião, afirmou o delator, ‘foi
feito o mesmo pedido’ (renegociação da dívida). (Estadão)
Nenhum comentário:
Postar um comentário