Por VEJA
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha,
anuncia
rompimento com o governo, durante entrevista
- 17/07/2015(Antonio Cruz/Agência
Brasil)
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Ou esclarece o que disse ou se responsabiliza, diz Cunha
sobre Catta Preta
O presidente da Câmara diz que vai interpelar judicialmente
a advogada que acusou a CPI de ameaçá-la
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou
neste sábado por meio de sua conta no Twitter que vai acionar a Procuradoria
Parlamentar da Câmara para interpelar judicialmente, e "independentemente
da CPI", a advogada Beatriz Catta Preta. Na quinta-feira, em entrevista ao
Jornal Nacional, Catta Preta, responsável por nove acordos de delação premiada
na operação Lava Jato, acusou "integrantes da CPI" da Petrobras de
ameaçá-la. A advogada afirmou que, diante de "tudo isso que está acontecendo"
e "para preservar a segurança" de sua família, decidiu abandonar a
advocacia.
"A acusação atinge a CPI como um todo e a Câmara como
um todo, devendo ela esclarecer ou ser responsabilizada por isso",
escreveu o deputado. "Determinarei a Procuradoria Parlamentar da Câmara
que ingresse com a interpelação judicial semana que vem, independente da CPI. A
mesa diretora da Câmara tem a obrigação de interpelá-la judicialmente para que
diga quais ameaças sofreu e de quem sofreu as ameaças", completou Cunha em
sua conta na rede social.
Esta é a primeira vez que Cunha se manifesta sobre as
declarações da advogada. Nesta sexta-feira, o presidente da CPI da Petrobras,
Hugo Motta (PMDB-PB), criticou as acusações de Catta Preta, que foi convocada a
falar à comissão e depois desobrigada pelo Supremo Tribunal Federal. "A
CPI não ameaça ninguém. A CPI investiga. O que é mais estranho é uma advogada
criminalista que tem prestado serviços no país há muito tempo alegar de uma
hora para outra que está sendo ameaçada sem trazer nenhuma pessoa que a
ameaçou, sem trazer nenhum fato concreto", disse o deputado.
Entre os ex-clientes da advogada, está o lobista Julio
Camargo, da Toyo Setal, que, em sua delação, citou o presidente da Câmara como
destinatário de 5 milhões de dólares do propinoduto que sangrou a Petrobras. Na
entrevista ao Jornal Nacional, Catta Preta não citou nomes de políticos, mas
afirmou que a pressão aumentou depois que o delator envolveu Cunha no esquema.
Pauta-bomba - Na rede social, Eduardo Cunha
também rebateu as afirmações do governo de que ele esteja preparando a
aprovação de um conjunto de medidas que aumentam os gastos da União, Estados e
Municípios, a chamada "pauta-bomba", na volta do recesso parlamentar.
"A tentativa de colocar nas minhas costas uma chamada pauta bomba para
prejudicar as contas públicas não tem o menor sentido. Tenho absoluta
consciência do momento de crise econômica e sempre me pautei por posições
contrárias ao aumento dos gastos públicos", escreveu o deputado no
Twitter.
Cunha também ressaltou que a "paralisia da
economia" não é culpa do Congresso e criticou o governo federal, frisando
que não houve corte de gastos, mas apenas redução dos investimentos. Segundo
ele, o governo poderia ter reduzido o número de ministérios e cargos de
confiança. "Mesmo que para a economia isso não fosse tao significativo, o
exemplo seria um importante sinal para a sociedade", disse o presidente da
Câmara.