sábado, 11 de julho de 2015

Entrevista de Dilma: ‘É a foto de uma cabeça despovoada de ideias’


SOCIAL-DEMOCRACIA FAVELADA E PAU-DE-ARARA


Desde o trabalhismo de Getúlio Vargas, a partir de 1932, a sociedade brasileira escolheu ser social-democrata. Afinal, todos os países chiques são pelos menos um pouco disso, certo? Por que, então, haveríamos de não ser?

Fizemos a opção pelo well-fare state (dito assim fica mais chique ainda) há 83 anos e jamais renunciamos a ele mesmo sabendo que nunca se viu um país pobre tornar-se rico por implantar um "Estado de bem-estar social". Isso só pode acontecer (se é que pode) naqueles que se tornaram ricos com o capitalismo, conforme constatou, por primeiro, o ex-marxista alemão Eduard Bernstein. Mas não há como recolher, desse modelo de Estado, condições para enriquecer um país pobre. Ao optar pelo Estado benevolente, ao qual todos recorrem em suas necessidades, garantidor de direitos reais e imaginários, provedor inesgotável, inclusive das mais insaciáveis demandas, o Brasil fez e faz, ao contrário, uma opção fundamental pela pobreza.

Jamais criamos ou nos ocupamos seriamente dos pré-requisitos do desenvolvimento: a) educação de qualidade para todos, habilitando a juventude brasileira à realização de suas potencialidades e inserção produtiva na vida social, política e econômica; b) estímulos ao mérito e às manifestações de talento em todas as dimensões do humano; c) saneamento básico e adequada atenção à saúde; d) geração da infraestrutura necessária às atividades produtivas; e) segurança jurídica e respeito ao direito de propriedade; f) rigorosa proteção constitucional do cidadão contra o Estado; g) contenção da máquina pública dentro dos limites da capacidade contributiva da sociedade; h) economia de mercado; e i) um modelo político racional que separe Estado, governo e administração.

Tendo optado pelo Estado provedor-empreendedor, inclusive durante os governos sob orientação militar, o Brasil olha para o horizonte eleitoral de 2018 movido pelas mesmas cismas que orientaram os partidos políticos e o eleitorado em todos os últimos pleitos: nenhum candidato do quadrante liberal-conservador, nenhum de centro, todos do centro-esquerda para a esquerda. A crise em que estamos será a pior conselheira para as eleições por vir. Não faltarão candidatos para receitar ainda mais do mesmo veneno a uma nação enferma. Pretenderão resolver a crise do Estado oferecendo ao eleitor mais e mais Estado. Trarão pás e escavadeiras para aprofundar o buraco.


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Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

LADEIRA ABAIXO


A Presidente Dilma cambaleia ladeira abaixo, em meio a grande confusão de atos e fatos que complicam sua situação política.

Sem qualquer ponto de apoio que possa ajudá-la a manter o prumo, suas cambalhotas na direção do precipício beiram o dramático. No mesmo pacote mal feito se misturam a inflação ascendente, o desemprego crescente, o desencanto dos eleitores, que lhe deram um segundo mandato há pouco mais de meio ano, os infindáveis escândalos de corrupção, envolvendo empresários, políticos e a outrora sólida Petrobrás, a incompetência administrativa assombrosa, a revolta com a teia de mentiras que foi imposta ao eleitorado e a falta total de apoio por parte de seu partido e de seus parceiros, inclusive de seu guru Lula.

A base de apoio do governo ruiu completamente e todos procuram salvar-se, levando a melhor parte dos destroços.

Tudo bem, Dilma colhe o que plantou.

No entanto, há outros sinais assustadores.

Seus aliados teóricos jogam cascas de banana em seu caminho já escorregadio, votando demagogicamente medidas de gosto popular que completariam a destruição de nossa economia e deixando-lhe a antipática alternativa de apelar para o veto, tentando salvar algo do periclitante, mas imprescindível, ajuste fiscal.

O horizonte é ensombrado pelos vetos que podem ser derrubados e por, no mínimo, três grandes nuvens negras ameaçadoras na esfera judicial: o TCU, na verdade órgão fiscalizador do Legislativo, caminha para rejeitar as contas governamentais de 2014, em consequência das famosas “pedaladas”, artifícios contábeis usados para mascarar os desastres fiscais do desgoverno; o TSE que se inclina a analisar possível abuso do poder econômico e uso de verbas de origem duvidosa nas eleições de 2014; e o STF com atenta observação das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público no caso da Operação Lava Jato, que chegam cada vez mais perto do Planalto.

Raposas felpudas discutem de maneira não muito discreta as alternativas a seu impeachment, acertando cenários, acordos e divisão do espólio após sua possível queda. As conversações envolvem o invertebrado PMDB – teoricamente aliado de Dilma – e as facções mineira e paulista do PSDB – oposição retórica do governo petista, além de personagens menores.

Enquanto isso, ministros dos tribunais superiores movem-se discretamente, trocam mesuras e sussurros, repelem pressões mal disfarçadas, aceitam outras, lançam balões de ensaio.

No deslize acelerado rumo ao abismo, cujo fundo é muito distante e inimaginável, dois importantes atores do drama brasileiro medem cuidadosamente suas ações ou omissões.

Um é o camaleônico Lula, movendo-se com muita cautela para não ser tragado pelo mesmo desastre que ora incentiva, ora acalma. Sua situação, no entanto, também não é tranquila. O braço da lei vem se aproximando e ele deve muitas explicações sobre a criação do pesadelo em que vivemos.

A outra, incrivelmente discreta, mas crescentemente descontente, é o povo brasileiro, vítima maior dos descalabros e também responsável pelos mesmos, por nunca ter exigido as satisfações que lhe são devidas. Escorrega junto com Dilma, sentindo-se sem carta, sem rumo e sem piloto.

O clamor das ruas virá, mais cedo ou mais tarde. Quando chegar, a solução aparecerá, para o bem e para o mal.

Às escondidas, em Portugal, Dilma e Lewandowski discutem Operação Lava Jato e impeachment

Por Ricardo Noblat

A acreditar-se em José Eduardo Cardoso, ministro da Justiça, ele, a presidente Dilma Rousseff e o ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), tiveram “um encontro casual” no início desta semana na cidade do Porto, em Portugal. Sim, "casual".

Foi o que Cardoso garantiu ao jornalista da Globo News Gerson Camaroti, que soube do encontro e publicou a notícia em seu blog. Segundo Cardoso, Lewandowski pediu para ver Dilma. Ele participava de um evento jurídico na cidade portuguesa de Coimbra.

Ao saber que o avião que transportava Dilma e comitiva para a cidade russa de Ufá faria uma escala técnica no Porto, cidade próxima de Coimbra, Lewandowski manifestou seu desejo de se reunir ali com a presidente da República para discutirem o aumento do Judiciário.

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Recentemente, o Congresso aprovou um aumento para o Judiciário que o governo diz não ter como pagar. Cardoso jura que a reunião a três não serviu para que conversassem sobre a Operação Lava Jato, conduzida pelo juiz Sérgio Moro, e que investiga a roubalheira na Petrobras.

Dilma, Lewandowski e Cardoso discutiram, sim, a Operação Lava Jato. O empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, confessou ter dado dinheiro sujo para a campanha de Dilma à reeleição. Dilma nega, mas está preocupada com o que possa acontecer se isso acabar provado.

Da Operação Lava Jato, os três passaram a avaliar as chances de um pedido de impeachment de Dilma. Por falhas, o Tribunal de Contas da União poderá rejeitar as contas do governo de 2014. E o Tribunal Superior Eleitoral concluir que houve abuso de poder econômico na campanha de Dilma.

Os jornalistas brasileiros destacados para cobrir a viagem de Dilma à Rússia não foram informados sobre o encontro dela no Porto com Lewandowski. Muito menos os que ficaram aqui. O encontro não constou da agenda oficial de Dilma.

Na verdade, o governo transparente de Dilma nada tem de transparente. É um abuso que dois chefes de poderes se encontrem às escondidas no exterior. E para examinar a delicada situação política de um deles. Os dois pisaram feio na bola. Apostaram que ninguém ficaria sabendo do encontro.

Lewandowski preside a mais alta corte de Justiça que poderá ser provocada, em breve, a decidir se procede ou não um eventual pedido de impeachment da presidente da República. Deveria ter se julgado impedido de se reunir para discutir o assunto com uma das partes interessadas. E logo no exterior. E às escondidas.

Basta lembrar que Lewandowski deve parte de sua indicação para o STF à família de dona Marisa, mulher de Lula, a quem sempre foi muito ligado. De resto, Lewandowski tudo fez para melhorar a sorte dos mensaleiros que acabaram condenados pelo STF.

É compreensível que Dilma tema por seu futuro. Mas não que contribua para emporcalhar a imagem do cargo que ocupa.



Eletrolão abasteceu os cofres do PT em ano eleitoral, por exigência de ‘Homem da Dilma’ e Vaccari, segundo Pessoa


Dilma VEJAO Eletrolão chegou para animar o fim de semana!

Eis um trecho da reportagem da VEJA (com grifos meus):

“VEJA teve acesso a mais um testemunho de que propina cobrada em troca de contratos – desta vez, no setor elétrico, a menina dos olhos de Dilma – abasteceu os cofres do PT em pleno ano eleitoral.

Os operadores da transação criminosa foram o onipresente João Vaccari Neto, então tesoureiro do partido, e Valter Luiz Cardeal, diretor da Eletrobras, o ‘homem da Dilma’ na estatal e um dos poucos quadros da administração com livre acesso ao gabinete presidencial.

O relato desse novo caso de desvio de verba pública para financiar o projeto de poder petista consta do acordo de delação premiada firmado entre o engenheiro Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, e o Ministério Público Federal.

Num de seus depoimentos, Pessoa contou que em setembro do ano passado o consórcio Una 3 – formado por Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e UTC Engenharia – fechou um contrato para tocar parte das obras da Usina de Angra 3.
A assinatura do contrato, estimado em 2,9 bilhões de reais, foi precedida de uma intensa negociação.

A Eletrobras pediu um desconto de 10% no valor cobrado pelo consórcio, que aceitou um abatimento de 6%. A diferença não resultou em economia para os cofres públicos. Pelo contrário, aguçou o apetite dos petistas.

Tão logo formalizado o desconto de 6%, Cardeal chamou executivos do consórcio Una 3 para uma conversa que fugiu aos esperados padrões técnicos do setor elétrico. Faltava pouco para o primeiro turno da sucessão presidencial.

O ‘homem da Dilma’ foi curto e grosso: as empresas deveriam doar ao PT a diferença entre o desconto pedido pela Eletrobras e o desconto aceito por elas. A máquina pública era mais uma vez usada para bancar o partido em mais um engenhoso ardil para esconder a fraude.

A conversa de Cardeal foi com Walmir Pinheiro, diretor financeiro da empresa, escalado para tratar dos detalhes da operação. Depois dela, Vaccari telefonou para o próprio Ricardo Pessoa e cobrou o ‘pixuleco’.

‘Quando soube que a UTC havia assinado Angra 3, João Vaccari imediatamente procurou para questionar a parte que seria destinada ao PT – o que foi feito pela empresa’, relatou o empreiteiro.

Aos investigadores, Pessoa fez questão de ressaltar que, segundo seu executivo, foi Cardeal quem alertou Vaccari sobre a diferença de 4 pontos percentuais entre o desconto pedido pela Eletrobras e o concedido pelas construtoras. Perguntado sobre o que sabia a respeito de Cardeal, Pessoa afirmou:


‘É pessoa próxima da senhora presidenta da República, Dilma Rousseff’.”

Encontro de Dilma com Lewandowski fora da agenda é indecente e anti-republicano


Esse relacionamento é muito suspeito, 
para dizer o mínimo…
Na escala técnica que fez na cidade do Porto, em Portugal, antes de seguir para Rússia, a presidente Dilma Rousseff teve um encontro reservado com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski. A reunião não foi incluída na agenda oficial. Também participou do encontro o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. 

No Brasil, políticos da base aliada foram informados de que a conversa foi ampla e que incluiu entre os temas a Operação Lava Jato. Os petistas, para não variar, relativizaram a coisa: “O assunto do encontro foi o reajuste do Judiciário. Ele levou números para a presidente Dilma”, disse Cardozo. Há preocupação no Judiciário com a tendência de a presidente Dilma Rousseff vetar o reajuste do Judiciário aprovado recentemente pelo Concresso. “Mas foi um econtro casual. Estávamos em Coimbra e, como iriámos para um almoço no Porto, marquei essa conversa”, justificou Cardozo. 


Sei… O PT é mestre na arte dos “encontros casuais”. É um tal de lobista se encontrar com empreiteiro “casualmente”, de “pixulecos” aparecerem na mochila de tesoureiro petista “casualmente” que vou te contar! Como já disse Felipe Moura Brasil, isso sim, é golpe! O PT perdeu qualquer cerimônia, não liga nem mais para as aparências. Está em desespero, e ratos desesperados fazem qualquer coisa para sobreviver. Fazem “o diabo” mesmo! Seria coincidência ser justo com o ministro mais petista depois de Dias Toffoli? 

Chega a um ponto tal que a coisa deixa de ser esquerda x direita e passa a ser todos que defendem a democracia x golpistas anti-republicanos. Mesmo tradicionais esquerdistas, como Roberto Freire, estão chocados com a forma com a qual o PT trata as instituições republicanas. Freire desabafou em seu Twitter:
Roberto Freire 
Não sei se ambos um dia tiveram compostura, mas sem dúvida o escárnio chegou em nível insuportável. Os conspiradores contra a República ainda têm a cara de pau de acusar a oposição de ser golpista, ou seja, quem quer preservar nossas instituições contra o avanço petista é golpista, enquanto aqueles que abusam da máquina estatal como se fosse um diretório partidário são os “democratas”. Que piada!

Se Dilma tivesse um pingo de decência, diante de tudo que está acontecendo com o Brasil, ela simplesmente renunciava. Reinaldo Azevedo ainda tentou apelar a esse eventual resquício de dignidade na presidente, e pediu em sua coluna de hoje que Dilma fizesse tal ato nobre pelo país, após recordar suas escancaradas mentiras sobre o setor elétrico:

Conhecemos, além dos desastres na área econômica, parte dos crimes que os companheiros cometeram contra os cofres públicos e contra a contabilidade. À diferença do que sugerem até aqui as turmas de Rodrigo Janot e de Sergio Moro, não se tratou da associação entre empresários cúpidos, organizados num cartel (que nunca existiu!), meia dúzia de servidores corruptos da Petrobras e alguns parlamentares de segunda linha. Conversa para trouxas! Fomos vítimas de uma máquina azeitada para assaltar o Estado de Direito.
E são os petistas e seus servidores na imprensa que gritam “golpe” quando se fala da possibilidade de Dilma perder o mandato? Desde quando leis democraticamente pactuadas se confundem com tanques? Aquela Dilma que concedeu entrevista a esta Folha bebeu muito fermentado de mandioca.
A presidente concluiu assim o discurso de janeiro de 2013: “Somente construiremos um Brasil com a grandeza dos nossos sonhos quando colocarmos a nossa fé no país acima dos nossos interesses políticos ou pessoais”.
Certo! Que Dilma confira verdade ao menos a uma parte daquela fala e renuncie! Aí ela se tornaria, finalmente, uma Mulher sapiens sapiens. 

O problema é que Dilma jamais demonstrará tal dignidade, pois ela simplesmente não a possui. Sequer é capaz de fazer um mea culpa sobre seus anos de terrorista comunista e assaltante, preferindo se vitimizar e reescrever a história, como se fosse uma lutadora pela democracia naquela época. Se Dilma tivesse dignidade para renunciar, não seria Dilma. Com essa alternativa, portanto, os brasileiros indignados e revoltados não devem contar…