segunda-feira, 22 de junho de 2015

Da Marolinha ao Tsunami

Por Ernesto Caruso

Do governo Lula à “presidenta” Dilma. A culpa dos resultados pífios, pibinho, etc fez coro retumbante nas palavras presidenciais e, foi posta nos países ricos. E, recentemente, a “presidenta” declara sorridente e jocosamente que a marolinha citada por Lula, que não teria força para chegar ao Brasil, virou onda. Onda não, tsunami, reclamam os frequentadores dos supermercados e consumidores de energia elétrica. Ludibriados que foram com a redução dos preços no setor elétrico às vésperas da eleição de 2014.

E mais, completa Dona Roussef que o brasileiro não deve parar de consumir. Com que dinheiro, há​de perguntar, cara “presidenta”.   Nada estimulante, dentre os 21 países da América Latina o Brasil se encontra brigando pelas últimas colocações, em crescimento econômico, com Argentina e Venezuela.

O período petista é assustador não só em relação ao tamanho da onda que enfrenta o cidadão comum, surfista fora da água, mas mergulhado e espremido no transporte coletivo de péssima qualidade por duas, três horas por dia, para ir trabalhar e regressar ao lar, nas portas dos hospitais em busca da senha para ser atendido; prisioneiro nas casas e com medo dos bandidos soltos nas ruas, onde não há segurança.

Do cartão corporativo, do ministro-tapioca, dos milhares de reais envolvidos no mensalão aos milhões do petrolão não há estômago que suporte, cegueira que não veja, mente que não pense, palavra que não grite, dor que não sufoque e amargure o cidadão, descrente da repulsiva cúpula que ainda ri e faz piada, com marolas, ondas e passeio de bicicleta paramentada com trajes de couro e seguranças, sob orientação de marqueteiro, banho de loja, embalagem moderna. Por fora “bela” viola...

O amargor cresce no turbilhão de denúncias, no desprezo ao cidadão do povo, mesmo dos aquinhoados pelo bolsa família, com dificuldade de conseguir emprego e saber que o governo central financia a construção de um porto em Cuba, quase 1 milhão de dólares e outras obras no exterior, como as hidrelétricas no Equador (duas), no Peru e Nicarágua, o metrô no Panamá e Venezuela, aeroporto e BRT em Moçambique, aqueduto na Argentina, abastecimento de água na capital peruana, renovação da rede de gasodutos em Montevidéu, via expressa em Angola... Quanto​s​brasileiros foram empregados nessas obras?

Angústia pelos milhões pagos à Cuba pela importação dos mais ou menos médicos. Dinheiro que deixa de circular no país e com denúncias de malversação dos recursos públicos. Verdadeiro tsunami comparável ao desastre do Japão, mas que lá a estrada destruída se recupera em uma semana.

Milhões e milhões desviados, obras inacabadas, ferrovias sendo desativadas e bilhões da China a pintar o futuro e enfumaçar os PAC 1 e 2 empacados nos alicerces. Indícios de crime podem ser a luz no fim do túnel a brecar a impunidade.

Do TCU brotam relatórios a demonstrar que o governo feriu a lei ao gastar mais do que podia no ano eleitoral de 2014. Fazendo com que os bancos estatais pagassem dos seus recursos próprios as despesas do governo sem o aporte do Tesouro. A Lei de Responsabilidade Fiscal como espada de Dâmocles sobre a cabeça da “presidenta”.

A pesar a desfaçatez do coronelismo institucionalizado comprando votos e o mimetismo marqueteiro a esconder o vermelho do pavilhão petista e estampá-lo na cor branca nos momentos de crise e descrédito no cumprimento das suas promessas de campanha.

Da coerência do STF, sob a presidência do Ministro Joaquim Barbosa, ao enquadrar os crimes do mensalão como engendrados por uma quadrilha, impossível que não fosse pelo envolvimento de elevadas cifras e desvio de condutas de políticos e empresários, à desilusão de ver desfeita a quadrilha no STF’ (linha), como se o malfeito decorresse de combustão espontânea. Assistir ao ministro julgar processos que envolvem um partido do qual foi advogado.

Perplexidade ao ver o PT de Lula e Dilma aplaudir o nome do seu tesoureiro preso e prestigiar os condenados que estiveram presos na Papuda. Preocupação quanto ao processo de desconstrução da família e estímulo à ideologia de gênero a ponto de que as crianças optem pelo uso do banheiro feminino ou masculino como aprouverem.


Fonte: Alerta Total



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Ernesto Caruso é Coronel de Artilharia e Estado Maior, reformado do EB.

Procurador da República denúncia manobra comunista para destruição da família.

Por Guilherme Shelb


Fonte: O ALERTA

Cuba: o Pastor dá a vida pelos Lobos


Cardeal-Ortega-300x166O cardeal Jaime Lucas Ortega y Alamino [foto], ao longo de seus 34 anos à frente da arquidiocese de Havana, transformou-se em um dos maiores e mais indispensáveis defensores do regime comunista. Em 5 de junho pp., o cardeal Ortega, em entrevista à emissora espanhola Cadena Ser, afirmou que “em Cuba não restam presos políticos” e que os indultados por ocasião da visita de Bento XIV à ilha-cárcere, em 2012, já eram simples “presos comuns” (“Diario de Cuba”, 07 de junho 2015).

As declarações cardinalícias causaram consternação nos opositores cubanos. O ex-preso político Ciro Alexis Casanova Pérez, que foi considerado “prisioneiro de consciência” pela Anistia Internacional, declarou com indignação que essa afirmação do cardeal Ortega sobre a suposta inexistência de presos políticos em Cuba “é uma total mentira”, e o incriminou por se dedicar a“apoiar a ditadura dos irmãos Castro” (“Diario de Cuba”, 11 de junho de 2015).

Desde Cuba, o jornalista independente Mario Félix Lleonart assinalou: “Beira o enigmático como alguém na posição deste homem se preste a asseverar algo que ninguém acredita absolutamente, e que não lhe fez nenhum favor, nem à Igreja que representa, nem a si mesmo. É óbvio que tão desatinada declaração lança por terra toda a doutrina social da Igreja que é chamado a respaldar e a praticar” (14 y Medio, 12 de junho de 2015).

O ex-preso político Daniel Ferrer, que foi declarado prisioneiro de consciência pela Anistia Internacional, lamentou desde a ilha: “Negar que em Cuba haja presos políticos é mentir cinicamente e um seguidor Daquele que morreu crucificado para salvar a humanidade e defender os humildes, discriminados e perseguidos, não deveria se comportar de tal forma. O cardeal Ortega não resulta ser um ‘Bom Samaritano’ (S. Lucas 10, 25) quando nega a existência de presos políticos, quando não condena abertamente as flagrantes violações aos direitos fundamentais dos cubanos, inclusive os direitos dos católicos, e quando minimiza conscientemente a importância do trabalho dos que lutam com amor pela liberdade, a justiça e o bem-estar da nação” (“Religión en Revolución”, junho de 2015).

Ada-María-López-Canino-300x200Uma integrante do movimento “Damas de Branco”, Ada María López Canino [foto], que no domingo 7 de junho pp. foi agredida e ferida em Havana por turbas castristas, declarou: “Eu pergunto ao cardeal, por que (para citar dois exemplos) Ángel Santiesteban está cumprindo uma longa condenação, e por que Danilo Maldonado está encarcerado como preso político? Eu quero saber, se eles não são presos-políticos são o que? As Damas de Branco marchamos pedindo a libertação dos presos-políticos em Cuba. E essas fotos que nós apresentamos, de onde as tiramos se não são as fotos dos presos-políticos que estão nas masmorras castristas? O que pretende dizer, que nós mentimos? Que me perdoe, mas é um mentiroso, deveria se chamar Raúl Castro, não cardeal Ortega” (Cubanet, 10 de junho de 2015).

Por sua parte, a Comissão Cubana de Direitos Humanos disse que as declarações do Cardeal não têm a ver com a realidade do país. “Agora mesmo, há mais de 50 presos-políticos” (“Radio Martí”, 08 de junho de 2015).

Na realidade, é difícil saber o número de presos-políticos em Cuba, porque o regime constantemente detém e condena opositores muitas vezes incriminando-os por delitos comuns, para ocultar que se trata de perseguições políticas. Segundo a filosofia totalitária do regime e de acordo com as disposições da Constituição e do Código Penal sobre as liberdades de religião e expressão, elas somente se toleram na medida em que não se oponham à ideologia comunista. Trata-se então de uma ilha-prisão cujos 12 milhões de habitantes poderiam ser considerados como “prisioneiros de consciência”, subjugados por um implacável torniquete jurídico-político-policial.

Recentes “solturas” de presos-políticos da ilha estão sendo amplificadas por grandes meios de comunicação, e por altos líderes políticos e religiosos como atos de liberalização do regime. Entretanto, os opositores já fizeram notar que na linguagem “jurídica” cubana termos eufemísticos como “soltura” e “licença extra-penal” significam “liberdades condicionais”, cosméticas, que na atual conjuntura servem para facilitar as negociações com o presidente Obama e para não desacreditar o mentor dessas negociações, o Papa Francisco. Alguns recentes “libertados” estão sendo ameaçados pelos órgãos de segurança de que a qualquer momento podem voltar à prisão para continuar pagando por seus “crimes” contra o Estado comunista. A outros “libertados” se lhes reteve toda a documentação, e ficam em uma espécie de limbo jurídico, como párias dentro da sociedade comunista (La VanguardiaEuropa Press, 09 de janeiro de 2015).

Na realidade, todas essas fraudes e farsas castristas são conhecidas pelas embaixadas em Havana e pelas chancelarias do mundo inteiro, especialmente pela secretaria de Estado dos Estados Unidos e pela secretaria de Estado do Vaticano. O mesmo botox publicitário que agora o regime aplica novamente por ocasião das negociações com os Estados Unidos, e em função da próxima visita do pontífice Francisco, já havia sido aplicada nas vésperas das visitas papais de João Paulo II e Bento XVI. Não obstante, mantém-se um misterioso silêncio sobre essas farsas do regime cubano. E o cardeal Ortega continuou e continua, como se não ocorresse nada, como Pastor do desditoso rebanho católico cubano.

Talvez nunca antes na História tantos dirigentes mundiais convergiram para salvar uma ditadura do naufrágio, como é o caso do regime castrista. Os cubanos dentro e fora da ilha que dedicamos nossas vidas a lutar, no plano das idéias, pela liberdade e dignidade de Cuba, estamos dispostos a continuar desmascarando as manobras da ditadura castrista e analisando publicamente as atitudes de seus altos protetores, esperando contra toda esperança (Epístola aos Romanos, 4-18 e 19).
No caso do cardeal Ortega, por sua longa trajetória de décadas de atitudes pró-castristas, estamos ante um Pastor disposto a dar sua vida pelos Lobos, e não pelo rebanho a ele encomendado, que encontra-se indefeso, órfão e desamparado.

É preciso dizer: todo este drama cubano, de quase seis inimagináveis décadas de injustiça, miséria comunista e sangue, desenvolve-se ante a Indiferença, com I maiúsculo, de boa parte da opinião pública mundial, assim como ante a pertinaz e enigmática Colaboração, com C maiúsculo, de considerável número de dirigentes e elites do mundo inteiro.

Que o bom Deus, ao qual neste momento recorro clamando por Justiça, ajude o indefeso, órfão, desamparado, maltratado e dizimado rebanho cubano e remova a Indiferença mundial sobre esse drama inimaginável.

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Armando Valladares, escritor, pintor e poeta, passou 22 anos nos cárceres políticos de Cuba. É autor do best-seller “Contra toda esperança”, onde narra o horror das prisões castristas. Foi embaixador dos Estado Unidos ante a Comissão de Direitos Humanos da ONU sob as administrações Reagan e Bush. Recebeu a Medalha Presidencial do Cidadão e o Superior Award do Departamento de Estado. Escreveu numerosos artigos sobre a colaboração eclesiástica com o comunismo cubano e sobre a “ostpolitik” vaticana sobre Cuba.

Pode-se ler o mais recente desses artigos, em espanhol e em inglês, nos seguintes links:

Francisco, el nuncio y el tirano

Francis, the nuncio and the tyrant

(Este artigo pode ser difundido livremente, em qualquer meio de comunicação, sem necessidade de consulta prévia, opiniões, pedidos de subscrição, remoção, etc., podem ser enviados a armandovalladares2012@gmail.com



CULTURA DA TRANSGRESSÃO

Por Carlos Alberto Rabaça

Crise é uma palavra gasta porque muitos homens em altos postos dela se servem para justificar os seus interesses

Pesquisa inédita do Ibope mostra que, no período de 22 anos, o otimismo do brasileiro não ficava tão por baixo quanto hoje: 48% se dizem pessimistas em relação ao futuro do país, enquanto 21% se declaram otimistas. Só no governo de Fernando Collor o brasileiro se mostrou tão pessimista. Contribui para isso a crise ética e econômica que atemoriza os cidadãos.

O mensalão e a operação Lava-Jato deflagraram um sentimento de impotência na população. Sucessão de escândalos e trapaças está longe de ser obra do acaso. O futuro é tão incerto que parece mais uma ameaça. Desemprego, inflação e insegurança política deprimem o brasileiro.

Decerto, as pessoas estão moralmente confusas. A crise brasileira se agrava, a todo momento, pelos vestígios de velhos hábitos políticos e instituições desgastadas. O governo, por sua vez, se empenha numa luta ideológica sem poder definir a própria ideologia. Vivemos uma cultura de transgressão e da ausência de verdadeiros líderes.
“Crise” é uma palavra gasta porque muitos homens em altos postos dela se servem para justificar seus interesses. Na verdade, é precisamente numa conjuntura cheia de incertezas que acontecem ações de alta imoralidade. A autenticidade das crises compreende situações nas quais se deve enfrentar alternativas dignas de confiança, cujos sentidos morais são evidentes num debate público. A alta imoralidade, o enfraquecimento geral dos valores e a organização de atos ilícitos não necessitam de nenhuma crise pública. Problemas dos crimes dos burocratas, do vício de alto preço e da periclitante integridade pessoal são decorrentes da ausência de fiscalização e da transgressão estrutural e endêmica.

Uma sociedade que, em seus altos círculos e em seus níveis médios, é composta de uma rede de quadrilhas não produz homens de sentido moral acentuado. Uma sociedade que é apenas superficial em seu exercício democrático não produz homens de consciência. Uma sociedade que limita o sentido do “êxito” ao dinheiro grosso e que eleva os recursos públicos ao plano de um valor particular, produzirá o negocista impiedoso e o negócio escuso. É claro que pode haver homens corruptos em instituições honestas, mas quando as instituições também corrompem muitos homens que vivem e trabalham nelas, então são necessariamente corruptas.

As empresas governamentais não encerram maiores imoralidades do que as empresas de negócios. Os políticos só podem conceder favores financeiros quando há homens, na esfera privada, dispostos a aceitá-los. E esses só podem procurar favores políticos quando há homens na política que possam concedê-los. Esses fatos é que dão origem à desconfiança da população, que busca encontrar e praticar os meios políticos da honestidade, para objetivos moralmente sadios.

Publicado no jornal “O Globo” de 15 de junho de 2015




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Carlos Alberto Rabaça é sociólogo e professor