segunda-feira, 1 de junho de 2015

O senhor Stédile

Por Sacha Calmon - Correio Braziliense

Dizem os petistas que o senhor João Pedro Stédile é um homem culto, com pós-graduação em universidades de ponta, além de poliglota. Ao que parece - o partido não é chegado ao idealismo burguês -, o referido senhor é um intelectual de primeira linha. De fora a distância entre o que o PT diz e a realidade, vamos aceitar que o homem é culto. Mas a cultura que o reveste acentua ainda mais a rudeza do seu pensar, sem falar na malignidade de seus atos e pregações. Outro dia - indignado com a outorga da Medalha a ele conferida pelo chanceler da Comenda da Inconfidência, o mais alto galardão do governo de Minas Gerais -, um magistrado mineiro dizia vê-lo como fanático marxista, igual aos sectários da guerra santa dos islamitas radicais. Leitor e admirador de Marx e Freud, dois gênios, ousei rerratificar a fala do meu interlocutor: fanático, sem dúvida, mas do comunismo à moda de Lênin e Fidel, tirando Marx da confusão, filósofo profundo que sequer chegou a ver em vida as movimentações históricas dos partidos comunistas.

Quem leu o livro de Engels, amigo íntimo de Marx e próspero industrial alemão, a origem da família, do Estado e da propriedade, certamente está informado do significado da dialética da história no conjunto da obra de Marx, cujo livro mais citado é O capital, até hoje profundo e polêmico. Com acerto, o padre Jean Calvez, o mais honesto e profundo conhecedor da filosofia de Marx, dizia ser ele o autor da mais completa interpretação histórica do homem e do universo. Marx esteve baseado na dialética de Hegel, seu mestre e contemporâneo (ver Ludwig Feuerbach ou o Fim da filosofia clássica alemã), que utilizava a dialética do filósofo grego Heráclito para explicar a evolução do espírito absoluto (filosofia idealista alemã). Marx o botou com os pés no chão e usou a dialética para explicar o homem e a história, deixando de lado o tal espírito absoluto. O homo necessitudinis, ou seja, um ser de necessidades, é a tese. A antítese é a natureza sobre a qual o homem atua (homo faber) para satisfazer as necessidades de comer, defender-se, abrigar-se, procriar e sobreviver.

A síntese é a história humana sob a face da Terra. Ao redor dessa contradição básica (ou seja, tese versus antítese = síntese), Marx chega aos tempos modernos pregando que só haveria igualdade e liberdade plenas com o desaparecimento do Estado e das classes sociais antagônicas e a mais-valia do trabalho, com a vitória do proletariado e a coletivização da propriedade (todos por um e um por todos), um belo sonho que ele chamou de materialismo histórico a terminar num paraíso terreal elevado e científico, a ombrear, como diz o padre Calvez com a parusia cristã, ou seja, o paraíso após a morte (o fim de todas as contradições da história dos homens e de cada homem particularmente).

Embora a sociologia marxista seja ferramenta imprescindível para a compreensão da história humana, especialmente pelos lados social e político, a faticidade sociológica que processou a evolução das sociedades modernas nos mostrou, à saciedade, o fracasso dos modelos socialistas supostamente marxistas-leninistas. Rússia e China, os dois gigantes do socialismo dito científico, o trocaram por economias de mercado e modelos democráticos de gestão (o PC chinês tem vários partidos no seu âmago). Comunistas remanescentes temos somente dois países: Cuba, pressurosa em se modernizar, e Coreia do Norte, secretamente ávida de unir-se à Coreia do Sul.

Causa espécie que, apesar da sua cultura, o senhor Stédile não tenha percebido as mutações da história contemporânea, apegando-se a avelhantados slogans tipo "luta contra o imperialismo norte-americano", ou de cara com o sucesso do agronegócio, a alardes contra "a exploração do latifúndio improdutivo"... Stédile não passa de um agitador político, com alta dose de desequilíbrio socioafetivo, apegado a teses esquizoides dissociadas da realidade que vivemos no Brasil. O PT inteiro, aliás, inventa uma luta de classes que ninguém enxerga e alardeia defender os pobres contra os ricos. Ora, não há quem sendo rico deixe de desejar o aumento do poder aquisitivo do povo, garantia de mais progresso, pois terá a quem vender produtos e serviços.


A luta contra a pobreza, o desejo de educar o povo, o resgate da desigualdade histórica que assola as sociedades latino-americanas é desejo de todos os brasileiros e povos irmãos do continente. Não existem "banqueiros perversos", "latifundiários exploradores" nem "burgueses despolitizados". Os "movimentos sociais" não passam de "caricaturas" ridículas de "imaginárias revoluções", massa de manobra de políticos populistas, espertalhões e psicopatas sociais, como o senhor Stédile, com todos os seus inúteis diplomas.


Movimentos de rua e a escolinha de futebol do Lênin

 
Tempos de Fifagate são inspiradores... Imitemos o "treinador" $talinácio e vamos usar metáforas futebolísticas para demonstrar que o Brasil precisa passar, urgentemente, por uma ampla transformação estrutural, com conceitos corretos, definições estratégicas transparentes e valores morais claros para todos, como pré-condição histórica para que tenha a chance de chegar a ser um País no rumo concreto de desenvolvimento. Até a presente data, continuamos nos comportando como aquela pátria de chuteiras que tomou uma goleada de 7 a 1 (de quem mesmo?), mas insiste em permanecer refém dos erros históricos de sempre.   

Desenhemos na prancheta do técnico! Meu time, o Flamengo, tomou do Corinthians do $talinácio o atacante Guerreiro - que tem um histórico de eficiência em fazer gols. O problema é que o rubro-negro tem uma deficiência tática crônica: o meio campo não funciona corretamente, e não faz a bola chegar ao artilheiro que deve cumprir a missão precípua de meter bola na rede. Além do problema de fragilidade psicológica do time, que não consegue segurar um placar favorável e se desespera facilmente quando o quadro é desfavorável, o clube padece do mesmo problema estrutural de tantos outros no decadente futebol brasileiro: seus dirigentes têm visão rentista, dando mais importância ao equilíbrio de caixa que aos resultados positivos concretos que a equipe precisa ter até para se sustentar suas finanças.

O desgoverno federal, e maioria esmagadora dos estados e municípios, apresentam a mesma deficiência estrutural daquela que é considerada a "Nação Rubro-Negra". O Capimunismo, combinado com a visão pragmático rentista que exige resultados no curto prazo, senão não presta, está inviabilizando o Brasil. Não é possível que nossos "treinadores" não percebam o suicídio tático de continuar fingindo acreditar que tenha chances de se desenvolver um País com juros estratosféricos, noventa e tantos "impostos" elevadíssimos e tanta corrupção institucionalizada. Marcamos um gol contra por segundo na gestão da coisa pública. Os negócios privados ficam reféns do mesmo esquema que tudo depende do poder estatal.  

Pela mesma ótica ludopédica de análise, tem algo muito errado na estratégia e na tática dos movimentos que tentam se organizar para promover grandes protestos contra o desgoverno, pelos mais variados objetivos e fins. Alguns aparentemente parecem legítimos e outros claramente se comportam como oportunistas e sem legitimidade democrática. O que mais chama atenção é que todos eles carecem hoje de propostas concretas para sensibilizar e mobilizar o povo para as mudanças estruturais que o Brasil precisa, mas vive adiando. A pergunta mais comum é: "O que fazer?".

O líder da revolução russa Vladimir Lênin escreveu um livro sobre o assunto. Independentemente da ideologia, a obra pode ser muito útil para brasileiros perdidos na hora de mexer com a massa ignara - que não está a fim de nada, ou até tem boa intenção, mas não consegue traçar objetivos e metas bem claras e possíveis de serem cumpridas, em favor da Pátria (que não é aquela de chuteiras - muito bem explorada economicamente pelas as empresas CBF e Globo). Frases soltas de Lênin rendem excelentes reflexões. Afinal, foi ele quem disse: "Ideias são mais letais que as armas"

O pragmatismo de Lênin é objetivo: "Toda cozinheira deve aprender a governar o Estado". Lênin definiu: "O Estado é a organização especial de um poder: é a organização da violência". Lênin acrescentou: "Salvo o poder, tudo é ilusão". Lênin conceituou: "Ditadura é o poder baseado diretamente na força e irreprimido por quaisquer leis". Lênin também constatou: "O crime é produto dos excessos sociais". Lênin salientou: "Muitas vezes, é verdade, que, em política, você aprende com o inimigo".  Lênin proclamou: "A morte de uma organização acontece quando os de baixo já não querem e os de cima já não podem". O mesmo Lênin observou: "Um imbecil pode, por si só, levantar dez vezes mais problemas que dez sábios juntos não conseguiriam resolver".

Um dos conselhos úteis de Lênin trata da relação entre o sonho das pessoas e o mundo real: "É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação com o nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias. Sonhos, acredite neles"... Tanto é assim que Lênin também filosofou sobre o tempo real: "Há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem". E Lênin, grande frasista, tem outra muito útil aos brasileiros no momento presente: "Se você não é parte da solução, você é parte do problema".

Divertindo-me com tais frases soltas, juntadas em um texto de forma cinicamente maniqueísta, chego a conclusão que Lênin daria um belo treinador para o Flamengo. Infelizmente, não dá para dizer o mesmo do companheiro $talinácio ou da torcedora Dilma - mais "prestigiada" que técnico de time que não para de perder de goleada... Ou mais "prestigiada" que dirigente da Fifa no torneio de futebol do FBI...

Partindo dos entretantos para os finalmentes, como proclamaria oPresidente Odorico, o Brasil carece de uma Elite Moral que consiga definir rumos estratégicos para o País, obtendo o milagre comunicacional de conseguir convencer os "jogadores da nação" da estratégia e da tática correta para virar nosso jogo - há muito tempo em permanente derrota política, econômica e, pior ainda, cultural e civilizatória.

Não precisamos estudar na escolinha de futebol do professor Lênin... Mas não podemos continuar sob risco de sermos treinados por falsos mitos de visão egoísta como o treinador $talinácio. Da mesma forma, não podemos esperar que, milagrosamente, o time das Forças Armadas entre em campo para salvar um jogo que é perdido pela incapacidade de cada jogador brasileiro - que ignora ser a gestão de uma nação uma obra coletiva.

Enfim, não adianta achar que tudo no Brasil se resolverá com jogadas mágicas de uma partida de futebol. Impeachment, intervenção constitucional, renúncia ou derrubada do governo por outro fim, combate inocente à corrupção sistêmica... Tudo parece distante do cenário real previsível.

Precisamos, de verdade, criar as pré-condições históricas para a mudança. Isto dá trabalho, consome tempo, neurônio e dinheiro. Exige debate sincero, sem paixões ideológicas - que mais parecem manifestação de torcida de futebol. Tal trabalho tem de começar ontem, para que o hoje chegue até amanhã. A militância cidadã vai exigir, antes, que cada indivíduo cuidem bem da própria vida e da família, para não terminar morto em campo...

O jogo é jogado... E não é para principantes nem amadores... Amador que deu certo só o Aguiar, do Bradesco... No entanto, se ninguém principar, nada vai acontecer...

Por isso, a dica aos organizadores de movimentos de rua e aos ativistas da internet é que desenvolvam, imediatamente, a capacidade de produzir soluções que as pessoas comuns entendam e constatem que têm capacidade real de, no mínimo, ajudar a realizar.

Se não for assim, manifestações públicas (na rua ou nas redes sociais) serão completamente inúteis. Nem adianta se matricular na escolinha do professor Lênin que o time continuará perdendo... E tomem cuidado com oportunistas, empresariais ou politiqueiros, que tentam se aproveitar da boa vontade e do voluntarismo das pessoas, principalmente as mais jovens...

Vamos sair do negativo e virar o jogo... Soluções, já! Ou, então, seremos o problema...      

Salvem o presidente


Que time é teu, Dilma?

O "Observador dos Pampas" manda um recado, injuriado e corretivo, porque erramos o time da Dilma lá no Sul:

"Apenas para esclarecer, DILMA  torce, desde os “velhos tempos” da dita-dura, pelo Internacional de Porto Alegre, o dito colorado, como ela mesma declarou (e não pelo Grêmio, graças a Deus!)".

Nota da redação: Eu também agradeço a Deus que ela não torce pelo Flamengo, embora o time hoje mais se pareça com o desgoverno dela: finge que tem poder ofensivo, até contratando um atacante de renome como o Guerreiro, mas é muito ruim na gestão do meio campo, o que compromete a eficiência e a meta do time que parece fragilizado psicologicamente dentro de campo.

Aventuras de Marco Polo


Rompendo o círculo vicioso

De Régis D. C. Fusaro, um comentário relevante sobre o artigo do Vice-Almirante Paulo Frederico Soriano Dobbin, publicado neste Alerta Total de 29 de maio de 2015:

"Uma das primeiras atitudes para romper o ciclo vicioso, muito bem apontado pelo Vice Almirante, é recusarmos qualquer outra eleição que nos apresente a mesma URNA ELETRÕNICA fraudável. Bem a propósito seria oportuno levantar esse problema já, enquanto há tempo suficiente para as adaptações necessária à emissão de comprovante de votação. E que todos nós pensemos em outros enfrentamentos pacíficos e inteligentes ao governo. Afinal, para quem mesmo o governo deveria atuar?" 

Alguém acha que Lula vai?


Requerimento 726/2015 do deputado Onix Lorenzoni (DEM-RS) convocando Luiz Inácio Lula da Silva a prestar esclarecimentos na CPI da Petrobras, acerca das denúncias de que praticou tráfico de influência no BNDES e nos esquemas de corrupção na Petrolífera.

Alguém, em sã consciência, acredita que o Grande Mito em Decadência vai aparecer na CPÌ?

Se Andrezinho delatar...


Debandada no PT paulista


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DEU ATÉ ECO - Petistas não ocuparam nem 30% dos 
lugares no Congresso Estadual do PT, realizado na 
sexta-feira 22 em São Paulo
Prefeitos de redutos históricos do partido negociam a saída da legenda preocupados com o antipetismo em São Paulo. De olho nas eleições de 2016, o PSB é o provável destino

A esvaziada abertura do Congresso Estadual do PT em São Paulo, na sexta-feira 22, compôs o retrato da deterioração do partido no Estado. Como se constata na foto acima, as cadeiras dispostas na quadra do Sindicato dos Bancários, antes disputadíssimas, desta vez, careciam de donos. Ao menos 70% delas não foram ocupadas. Nem mesmo o anúncio da presença do ex-presidente Lula motivou os petistas a comparecer. Para não passar pelo constrangimento de ser visto diante de plateia tão reduzida, Lula preferiu cancelar a ida ao evento. No segundo dia do Congresso, Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência, desabafou: “Nunca vi uma reunião do PT tão esvaziada quanto ontem, quando se anunciava que o Lula viria, e tão esvaziada quanto hoje, quando no passado as pessoas disputavam o crachá para estar aqui”. O crescimento do sentimento antipetista em São Paulo somado a atitude pusilânime da militância e a falta de perspectiva de reversão deste quadro têm levado lideranças do PT no Estado a planejar deixar a legenda. Preocupados com seu futuro político, que estará em jogo nas eleições municipais de 2016, prefeitos e vereadores de cidades paulistas dominadas pelo PT já abrem diálogo com o PSB com o objetivo de migrar para a legenda antes de outubro – prazo limite para a troca de partido visando ao pleito do próximo ano.

A crescente rejeição ao PT em São Paulo já atingiu redutos tradicionais do partido no Estado. Um caso emblemático é o da cidade de Hortolândia. Comandado pelo PT desde 2005, o município foi o único onde o então candidato Alexandre Padilha (PT) conseguiu superar Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa pelo governo de São Paulo. Agora, a cidade de 212 mil habitantes figura entre aquelas em que políticos do PT, temendo o infortúnio eleitoral em 2016, ensaiam sair da sigla rumo ao PSB, seguindo o mesmo caminho trilhado pela senadora Marta Suplicy, que será oficializada na nova casa em junho. O cenário se repete nas cidades de Araçatuba, Bragança Paulista, Jaú e Itupeva.

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Nas últimas semanas, as conversas comandadas pelo vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), ganharam força. “Tenho sido procurado sim por prefeitos do PT. O diálogo conosco está aberto”, afirmou França à ISTOÉ. O prefeito de Itupeva, Ricardo Bocalon (PT), admite ter conversado com o PSB. Embora ainda não tenha sacramentado a saída do PT, o discurso de partida já está bem ensaiado. “Eu e outros prefeitos do partido estamos pedindo à direção para darem mais atenção às cidades menores em que o PT governa. Se as coisas não mudarem, vamos buscar uma outra alternativa”. Na tentativa de estancar a deserção, dirigentes do PT têm realizado viagens às cidades comandadas pelo partido com o objetivo de convencer potenciais desertores de sua importância para a sigla. Pode ter sido tarde.

Globo esconde que J. Hawilla é sócio de filho de João Roberto Marinho

Por Helena Sthephanowitz

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Acusações ainda não foram feitas, mas sobram suspeitas 
de irregularidades no futebol da Globo
Conseguirá a 'vênus platinada' convencer o público – e a Justiça – de que 'não sabia' que seus sócios pagavam propinas a cartolas pela transmissão de jogos de futebol?

Ao noticiar o escândalo de corrupção internacional de subornos no futebol que levou à prisão do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, o Jornal Nacional da TV Globo omitiu informações relevantes ao telespectador.

A começar pelo fato de J. Hawilla ter sido diretor de esportes da própria Rede Globo em São Paulo – tendo sido antes repórter de campo – e já nessa época, começou paralelamente a comercializar placas de publicidade em estádios. Ali nascia o empresário com forte ligação com a emissora.

Em 2003 J. Hawilla fundou a TV TEM, sigla de Traffic Entertainment and Marketing, que forma uma cadeia de TVs afiliadas da Rede Globo no interior de São Paulo. As TVs de Hawilla cobrem quase metade do estado de São Paulo: 318 municípios e 7,8 milhões de habitantes, alcançando 49% do interior paulista. Entre as cidades cobertas estão, São José do Rio Preto, Bauru, Sorocaba e Jundiaí.

A dobradinha Hawilla-Globo não para por ai. Foi também do Grupo Globo que o empresário comprou, em 2009, o Diário de São Paulo. Ele já era dono da Rede Bom Dia, de jornais em cidades da área coberta pela TV TEM.

Faltou também o JN noticiar que os negócios da Globo com Hawilla que fazem parte da programação nacional da emissora. A produtora TV 7, que é da Traffic, faz os programas Auto Esporte e o Pequenas Empresas, Grandes Negócios, apresentados na Globo aos domingos, já há alguns anos.

Mas o que ninguém sabe e nem a Globo conta é que J. Hawilla é sócio de Paulo Daudt Marinho, filho e herdeiro de João Roberto Marinho, na TV TEM de São José do Rio Preto (SP).

João Roberto Marinho é um dos três filhos de Roberto Marinho que herdou o império da Rede Globo. O próprio João Roberto é sócio de dois filhos de J. Hawilla (Stefano e Renata) na TV TEM de Sorocaba (SP). Aliás a avenida em São José do Rio Preto onde fica a TV TEM ganhou o nome de Avenida Jornalista Roberto Marinho, em homenagem ao fundador da 'vênus platinada'.

No Jornal Nacional de quarta feira (27) , muito brevemente, William Bonner citou a Globo, como se quisesse dizer aos espectadores: "Não temos nada com isso". O jornalista leu: "A TV Globo, que compra os direitos de muitas dessas competições, só tem a desejar que as investigações cheguem a bom termo e que o ambiente de negócios do futebol seja honesto". Assim seco, sem entrar em detalhes.

reprodução

J. Hawilla foi condenado nos Estados Unidos por extorsão, conspiração por fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. Os crimes foram cometidos na intermediação de subornos para cartolas da Fifa, da CBF e outras confederações de futebol por contratos de direitos televisivos e de marketing. Ele admitiu os crimes e, para não ir para a cadeia, delatou quem recebia propinas e negociou pagar multa de quase meio bilhão de reais.

Entre suas operações mais comuns estão propinas pagas à cartolagem dos clubes para intermediar a comercialização com emissoras de TV, como a TV Globo, dos direitos televisivos de transmissão dos jogos.

Segundo o departamento de Justiça dos Estados Unidos, as empresas de TV e de outras mídias pagavam à empresa de marketing de J. Hawilla, que conseguia os direitos de comercializar as transmissões, e depois repassava uma "comissão" aos cartolas.

As propinas acontecem há pelo menos 24 anos e envolveram jogos da Copa América, da Libertadores da América e do torneio Copa do Brasil, segundo os investigadores dos EUA.

Ao longo dos anos a maioria destes jogos no Brasil foram transmitidos com exclusividade pela TV Globo, que cedia alguns jogos para a TV Bandeirantes – mas sob limites rígidos – para livrar-se de acusações de concentração econômica e práticas anti-concorrenciais.

Se até o momento de fato não há acusações contra emissoras de TVs que tenham chegado ao conhecimento público, também é difícil afirmar que não pesam suspeitas. A Justiça dos Estados Unidos e o FBI disseram que as investigações estão apenas no começo.

Todo mundo tem direito à presunção de inocência e ao benefício da dúvida, mas depois de passar anos fazendo jornalismo na base da pré-condenação, testes de hipóteses, "domínio do fato" e do "ele não sabia?" para tentar fazer política demotucana, será difícil convencer o telespectador de que a Globo "não sabia" que seus sócios pagavam propinas a cartolas pela transmissão dos jogos que a emissora transmitiu.