Por Paulo Roberto Gotaç
Sempre que a Presidente Dilma vem a público para se referir
às dificuldades que o país será obrigado a enfrentar ao longo dos próximos dois
anos, segundo as previsões mais otimistas, e pede paciência, ao assegurar que o
sacrifício será temporário, ela tenta passar a impressão que a crise caiu-lhe
no colo a partir do momento em que iniciou seu segundo mandato, sem alusões ao
vale tudo presente na campanha eleitoral durante a qual foram gastos, sem o
menor critério, expressivos recursos públicos, e à condução desastrosa da
política econômica durante o primeiro termo, sem falar na corrupção a serviço
do projeto de poder de seu partido que arruinou a mais importante empresa
pública do Brasil, patrimônio de seu povo.
O cidadão percebe agora que acaba de cair em mais uma
armadilha eleitoral e que, portanto, deve permanecer atento às promessas de
bordel que volta e meia reaparecem nos meios de comunicação oficiais sob forma
de pronunciamentos felizmente embalados por ruidosos panelaços produzidos por
uma sociedade por enquanto inconformada.
O perigo é que, às vezes, incapaz de formular uma análise
crítica consistente e dotada de uma amnésia que já custou grandes tragédias ao
longo da história da república, a mesma população, hoje indignada, reverta seu
posicionamento nos próximos meses e a figura da Presidente passe a ser
vitimizada, dentro da linha de propaganda segundo a qual mentiras repetidas
acabam se transformando em verdades.
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Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.