segunda-feira, 9 de março de 2015

As mentiras e tapeações do discurso de Dilma

Agora, passados o panelaço e buzinaço, vamos nos dar ao trabalho de analisar os principais trechos do discurso de Dilma Rousseff em cadeia nacional.

Dilma: "Os noticiários são úteis, mas nem sempre são suficientes. Muitas vezes até nos confundem mais do que nos esclarecem. As conversas em casa, e no trabalho, também precisam ser completadas por dados que nem sempre estão ao alcance de todas e de todos."

O Antagonista: Ou seja, a imprensa é capciosa e você, a sua família, os seus amigos e colegas de trabalho não têm capacidade de entender a realidade da inflação, do desgoverno e da corrupção.

Dilma: "O Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos. Mas nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns. Passamos por problemas conjunturais, mas nossos fundamentos continuam sólidos. Muito diferente daquelas crises do passado que quebravam e paralisavam o país."

O Antagonista: O marqueteiro João Santana trocou "momento difícil" por "momento diferente". O Brasil vive uma crise monumental: inflação em alta, credibilidade internacional zero, empresas endividadas em dólares com a corda no pescoço, nível de investimento negativo, governo atarantado diante da crise, com um ministro da Fazenda politicamente fraco, e escândalos de corrupção por todos os lados. Os fundamentos estão derretendo, como atestam as agências de risco internacionais. Dilma não mostrou a verdade nem de longe.

Dilma: "Nosso povo está protegido naquilo que é mais importante: sua capacidade de produzir, ganhar sua renda e de proteger sua família."

O Antagonista: Mentira. As empresas cortam vagas de trabalho, a inflação corrói os salários e começa a corroer a poupança. As famílias estão endividadas acima do seu limite, iludidas que foram pelo crédito barato dos anos Lula e do primeiro mandato de Dilma.

Dilma: "Estamos na segunda etapa do combate à mais grave crise internacional desde a grande depressão de 1929."

O Antagonista: Mentira, nunca houve primeira etapa. Lula, em 2008, disse que a crise internacional havia chegado ao Brasil como uma "marolinha", e continuou com a sua política econômica inconsequente, baseada unicamente na expansão do crédito, sem investimentos em setores estruturais da economia. A falta de investimentos limita o combate à inflação, reduzindo o arsenal para combatê-la ao aumento da taxa básica de juros -- que agrava a recessão e só faz a alegria da banca. Você leu certo: estamos em recessão.

Dilma: "As circunstâncias mudaram porque além de certos problemas terem se agravado - no Brasil e em grande parte do mundo -, há ainda a coincidência de estarmos enfrentando a maior seca da nossa história, no Sudeste e no Nordeste. Entre muitos efeitos graves, esta seca tem trazido aumentos temporários no custo da energia e de alguns alimentos."

O Antagonista: As carências do país apenas foram evidenciadas pela seca. Faltam planejamento no setor de abastecimento hídrico e investimentos no setor elétrico -- a menos que se tome como investimento o superfaturamento na construção de usinas hidrelétricas que estão com as obras atrasadas.

Dilma: "Você tem todo direito de se irritar e de se preocupar."

O Antagonista: Sim, e de exigir o impeachment do governo mais incompetente e corrupto da história do país.

Dilma: "A crise afetou severamente grandes economias, como os Estados Unidos, a União Européia e o Japão. Até mesmo a China, a economia mais dinâmica do planeta, reduziu seu crescimento à metade de suas médias históricas recentes. Alguns países estão conseguindo se recuperar mais cedo. O Brasil, que foi um dos países que melhor reagiu (sic) em um primeiro momento, está agora implantando as bases para enfrentar a crise e dar um novo salto no seu desenvolvimento. Nos seis primeiros anos da crise, crescemos 19,9%, enquanto a economia dos países da zona do Euro caiu 1,7%."

O Antagonista: O Brasil não reagiu num primeiro momento. Como já foi dito e redito, o governo baseou o crescimento da economia na expansão do crédito barato, endividando as famílias. Não investiu na indústria, que hoje se encontra sucateada, e apenas adiou a tempestade, apostando que a China continuaria a importar as nossas commodities nas mesmas quantidades do início dos anos 2000, embora todas as sinalizações apontassem o contrário. A comparação com a União Europeia é marota. Crescemos menos do que a China e a Índia, os outros grandes integrantes do Brics, no mesmo período. Aliás, é falso que a China reduziu o seu crescimento à metade da sua média histórica nos últimos anos. Essa média está em quase 9%, e ela crescerá 7% em 2015, depois de crescer 7,5 em 2014. Amesquinhamo-nos em parcerias comerciais com países africanos e sul-americanos, em detrimento do estreitamento de laços comercias com os Estados Unidos, não só por ideologia esquerdista, mas porque o governo foi incapaz de enxergar que os americanos sairiam do buraco que criaram mais cedo do que se imaginava, porque são, de longe, a economia mais forte do mundo.

Dilma: "Realizamos elevadas reduções de impostos para estimular a economia e garantir empregos."

O Antagonista: Mentira. As reduções foram pontuais. De maneira geral, a carga de impostos aumentou.

Dilma: "Ampliamos os investimentos públicos para dinamizar setores econômicos estratégicos."

O Antagonista: Mentira. Quais setores? Dilma deve estar falando dos empréstimos secretos do BNDES a empresas ligadas ao petismo, como a JBS/Friboi.

Dilma: "Começamos cortando os gastos do governo, sem afetar fortemente os investimentos prioritários e os programas sociais. Revisamos certas distorções em alguns benefícios, preservando os direitos sagrados dos trabalhadores. E estamos implantando medidas que reduzem, parcialmente, os subsídios no crédito e também as desonerações nos impostos, dentro de limites suportáveis pelo setor produtivo."

O Antagonista: É mentira que o governo esteja cortando gastos. A máquina estatal, já inchada, continua engordando. Basta dizer que Dilma se recusa a cortar um ministério que seja dos 39 que carregamos nas costas. Quanto aos "direitos sagrados" dos trabalhadores, Dilma está fazendo o exato contrário do que prometeu na sua campanha. A redução na desoneração da folha de pagamentos das empresas já está causando demissões.

Dilma: "O Brasil tem hoje mais qualificação profissional, mais infraestrutura, mais oportunidades de estudar e mais empreendedores. Somos a 7ª economia do mundo. Temos US$ 371 bilhões de reservas internacionais. 36 milhões de pessoas saíram da miséria e 44 milhões foram para a classe media. Quase 10 milhões de brasileiras e brasileiros são hoje micro e pequenos empreendedores. E continuamos com os melhores níveis de emprego e salário da nossa história."

O Antagonista: Mentira. A produtividade do trabalhador brasileiro é uma das menores entre os países em desenvolvimento. Ser a sétima economia do mundo não significa muita coisa, visto que a renda per capita é relativamente baixa e não aumentará nos próximos anos, como previu o ex-ministro da Fazenda Armínio Fraga aqui no Antagonista. Essas reservas internacionais são apenas ilusão contábil. Com o aumento do dólar, aumentaram a dívida externa pública e privada. A dívida interna pública é maior do que a divulgada, dizem os economistas sérios. Para o governo, uma família de classe média, com quatro pessoas, é aquela que ganha entre 1 500 e 2 000 reais por mês, ou menos de 700 dólares -- abaixo da linha da pobreza em qualquer nação civilizada. A qualidade dos empregos é vergonhosamente baixa. Temos mais braços do que cérebros. A quantidade dimininui: só em 2014, a indústria fechou 216 mil postos de trabalho. Dilma inclui entre os micro e pequenos empreendedores a massa de assalariados e freelancers obrigada a trabalhar como pessoa jurídica, sem nenhuma garantia trabalhista.

Dilma: "Nossas rodovias e ferrovias, nossos portos e aeroportos continuarão sendo melhorados e ampliados."

O Antagonista: Faz tempo que Dilma não viaja como cidadã comum. E qualquer produtor sabe o quanto representa o custo do transporte no Brasil, por causa da inexistência ou má qualidade das rodovias, ferrovias e portos.

Dilma: "Este esforço tem que ser visto como mais um tijolo, no grande processo de construção do novo Brasil. Esta construção não é só física, mas também espiritual. De fortalecimento moral e ético."

O Antagonista: Essa foi uma tijolada no nosso estômago.

Dilma: "Com coragem e até sofrimento, o Brasil tem aprendido a praticar a justiça social em favor dos mais pobres, como também aplicar duramente a mão da justiça contra os corruptos. É isso, por exemplo, que vem acontecendo na apuração ampla, livre e rigorosa nos episódios lamentáveis contra a Petrobras."

O Antagonista: Justiça social é dar as mesmas oportunidades a todos na educação, e não alimentar programas assistencialistas sem porta de saída. A educação brasileira ocupa os últimos lugares nos rankings internacionais de aprendizagem, e o gap escolar entre pobres e ricos só faz aumentar, como demonstra o Enem. A mão da Justiça ainda tem de colher Dilma, Lula e os seus cúmplices. E a mão da Justiça está funcionando, APESAR de Dilma, Lula e os seus cúmplices, como José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, e Luís Inácio Adams, advogado-geral da União, que fazem advocacia administrativa para a companheirada corrupta e as empreiteiras do petrolão.



Publicado originalmente no “O Antagonista”

Os limites dos julgadores do PETROLÃO

Por Nivaldo Cordeiro


A máquina jurídica está mobilizada para o julgamento do petrolão e é visível que órgãos de Estado estão alinhados com o PT, seja ideologicamente, seja politicamente. O pedido de investigação do procurador-geral excluiu Lula, Dilma Rousseff e Paulo Bernardo. Mas ficou nisso. Os demais graúdos citados responderão pelos seus atos. A consciência jurídica dos operadores do Direito fala mais alto diante das provas, basta recordar a atuação do brilhante Joaquim Barbosa no julgamento do mensalão.

Fonte: YouTube

As 21 condições da Internacional Comunista e o Foro de São Paulo

Por Carlos I. S. Azambuja

O Supremo está falido. Nós é que não estamos dizendo ao Brasil que isso aconteceu” (José Carlos Moreira Alves, então Ministro do Supremo Tribunal Federal, Folha de São Paulo, 11 de dezembro de 1997)

A Internacional Comunista (Komintern) foi criada em 1919. Logo depois, no II Congresso, em 1920, pôs em marcha as forças que duas décadas iriam juntar à Inteligência soviética espiões em todo o mundo.

Em julho e agosto de 1920, o Komintern durante o II Congresso, realizado em Petrogrado e Moscou, foram fixadas as 21 Condições para a admissão de qualquer partido à Internacional Comunista. Essas condições asseguravam o controle de Moscou sobre os partidos comunistas nacionais. E assim foi, até que o império soviético desabou, em dezembro de 1991.

A terceira das 21 Condições era a exigência de que os partidos comunistas criassem “um aparato paralelo e ilegal que, no momento decisivo, deveria realizar sua tarefa pelo partido e assumir a revolução de todas as maneiras possíveis”. Esse aparato clandestino e ilegal é que mais tarde forneceria o quadro de espiões estrangeiros para a União Soviética.

A décima quarta Condição previa:

“O partido interessado em filiar-se à Internacional Comunista será obrigado a prestar toda assistência possível às repúblicas soviéticas em sua luta contra as forças contra-revolucionárias. Os partidos comunistas devem implementar uma propaganda precisa e definida, visando induzir os trabalhadores a se recusarem a transportar qualquer tipo de equipamento militar destinado à luta contra as repúblicas soviéticas e devem também, por meios legais ou ilegais, fazer propaganda entre as tropas enviadas contra os trabalhadores, repúblicas, etc”.

Para deixar bem claro onde residia o Poder, a décima sexta condição rezava: “Todas as resoluções dos congressos da Internacional Comunista, assim como as resoluções do Comitê Executivo, são compulsórias para todos os partidos filiados”.

Todo o partido que estivesse na ilegalidade deveria ter uma face pública, além de um aparato clandestino.

O Terceiro Congresso da IC, em 1921, determinou que os comunistas criassem uma frente de visibilidade pública, pois “na ausência de qualquer contato com as massas, ele se debilitaria, tornando-se uma seita de propaganda, e perderia a vitalidade. A organização, na ilegalidade, deve não apenas constituir a base para a coleta e cristalização de forças comunistas ativas, mas tentar todos os caminhos e meios para sair dessa condição não legalizada e vir à tona entre as grandes massas; e deve também encontrar meios e formas de unir essas massas politicamente, através de atividade pública, na luta contra o capitalismo”. Essa resolução foi assinada por Lênin, Trotsky, Zinoviev, Bukharin, Radek e Kamenev.

No Congresso de fundação do PCB, em março de 1922, “As 21 condições de admissão estabelecidas pela Internacional Comunista foram objeto de minucioso e demorado exame por parte dos delegados presentes, sendo discutidas e aceitas, unanimemente, uma a uma” (“Formação do PCB”,Astrojildo Pereira, Prelo Editora, Lisboa,1976). Tanto é assim que o partido foi fundado com um nome pomposo: “Partido Comunista do Brasil, Seção Brasileira da Internacional Comunista”.

Releva observar que “os delegados presentes”, acima mencionados, eram 9 pessoas.

O Terceiro Congresso da IC também determinou que os partidos criassem um “Departamento de Inteligência”, devendo ter cada um deles “um setor especial em sua administração para esse trabalho em particular. O Serviço de Inteligência Militar requer prática, treinamento e conhecimentos especiais. O mesmo pode ser dito da tarefa do Serviço Secreto direcionada contra a polícia política. É somente através de longa prática que se pode criar um Departamento de Serviço Secreto satisfatório”.

Quando Stalin pôs fim à Terceira Internacional, em 1943, coube ao Departamento Internacional do Partido Comunista da União Soviética o gerenciamento dos partidos comunistas estrangeiros, fornecendo dinheiro e dando instruções através da KGB, até que o partido fosse posto fora da lei por Boris Yeltsin, em dezembro de 1991, e a União Soviética desaparecesse.

Na América Latina, após a desmoralização do “Fidelismo”, da “Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS), do “Foco Guerrilheiro” e da luta armada dos anos 60 e 70, o Foro de São Paulo busca reeditar a receita da Internacional Comunista, colocando-a em prática no Continente.

Tanto isso é verdade que antes da realização do 2º Encontro do Foro – que ocorreu no México em junho de 1991 com o sugestivo título “A América Latina e o Caribe em face da Reconstrução Hegemônica Internacional”, já sob o impacto do início do desmonte do “socialismo real” no Leste da Europa e, ademais, também na União Soviética, foi realizada uma reunião preparatória, na qual foi definido, mediante acordo, que a partir do II Encontro seria firmado o conceito de caráter deliberativo dos Encontros.

Isso significa que as Resoluções aprovadas em plenárias passaram, a partir de então, a ser consideradas deliberativas, isto é, decisórias em termos de cumprimento pelos partidos e organizações membros do Foro, subordinando-os, portanto, aos ditames dos Encontros nas ações a serem desenvolvidas em nível internacional e nos respectivos países.

Essas deliberações obedecem a uma política internacionalista com vistas à implantação do socialismo no continente, fato que transfere para um segundo plano os interesses nacionais e fere os princípios da soberania e autodeterminação. Essa decisão é, praticamente, uma cópia da 16ª condição imposta pela Internacional Comunista aos partidos comunistas de todo o mundo.       

Embora a Lei Orgânica dos Partidos Políticos e a Constituição da República definam que “a ação do partido tem caráter nacional e é exercida de acordo com o seu estatuto e programa, sem subordinação a entidades ou governos estrangeiros” (artigo 17 da Constituição e item II, artigo 5º da Lei Orgânica dos Partidos Políticos), nada foi feito por quem de direito: o Tribunal Superior Eleitoral.

Mas, quem, no país, hoje, estaria interessado em fazer com que as Leis sejam cumpridas?


Publicado originalmente no site Alerta Total


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Carlos I. S. Azambuja é Historiador.

"Tudo bloqueado"

Por Fernando Gabeira

Um amigo no exterior me perguntou se no Brasil estava tudo dominado. Referia-se ao habeas corpus dado por Teori Zavascki a Renato Duque, indicado do PT na Petrobras. Dominado não sei, respondi. Mas, naquele momento, estava tudo bloqueado: as estradas, pelos caminhoneiros, as contas bancárias, pela Justiça. Tantos bloqueios que a conta do ex-governador petista de Brasília, Agnelo Queiroz, foram bloqueadas duas vezes na mesma semana. Há bloqueio na relação Dilma - Congresso, e bloquearam o juiz que bloqueou os bens de Eike Batista.

O bloqueio se estendeu às cabeças: Washington Quaquá, um dirigente do PT fluminense, afirmou que daria porradas nos burgueses. Lula disse que chamaria o exército dos sem-terra para as ruas.

Às vezes temo que minha visão também fique bloqueada. Mas encaro esse movimento como a busca do golpe perfeito. O governo do PT arruinou a Petrobras, quer que os empreiteiros fiquem presos e que os sem-terra levem e deem porrada para defendê-lo. Em ruas indignadas com a corrupção, será difícil evitar os conflitos.

Bloqueados os caminhos para entender o assalto à casa do procurador Janot nas vésperas de apresentar a denúncia. Ele se limitou a dizer que os assaltantes estiveram por oito minutos em sua casa. Nada levaram de valor, apenas o controle remoto do portão. Se um grupo entra na casa de um procurador e não rouba nada, está apenas querendo dizer que entra quando quiser. E se leva o controle remoto do portão é apenas para mostrar como é inútil, pois conseguiram entrar sem ele. Ou será que seriam tolos o suficiente para acreditar que o controle remoto continuaria a abrir o portão depois do assalto?

O bloqueio mental se estende a Dilma. Ela despachou o embaixador da Indonésia pela porta lateral, como se fosse o entregador de pizza. O homem estava vestido com roupas típicas de seu país e compareceu na data marcada para apresentar credenciais.

Ninguém do Itamaraty percebeu essa grosseria. Ninguém no Congresso foi à embaixada da Indonésia pedir desculpas. Apagão diplomático. A política foi conduzida, nesse caso, por reflexos de uma dona de casa estressada. E ainda temos um brasileiro no pelotão da morte na Indonésia, compras de avião da Embraer que podem ser suspensas.

O bloqueio maior é na convivência política. A filósofa Marilena Chaui disse uma vez que odiava a classe média. Quaquá vai dar porrada em burgueses. Onde vai encontrá-los? Nos restaurantes de luxo nas ilhas do litoral de Angra? Quem é classe média? Vão atacar as lojas de conveniência nas noites de sábado, as academias de pilates?

Tudo muito confuso. CGU e TCU, provavelmente mais alguma coisa terminada em u, preparam um acordo de leniência. Os empreiteiros pagam multa e voltam a realizar obras públicas.

Enquanto isso, o BNDES estuda um empréstimo de R$ 31 bilhões para as empreiteiras. Com essa grana, pagam a multa e ainda podem mandar um pouco para os partidos do governo. E essa grana vai para os marqueteiros, que inventarão outros heróis do povo brasileiro, corações valentes e outras babaquices eleitorais. É assim que a banda vai tocar? Desta vez não só há um grande volume de informações como também a reação externa.

Romper com a opinião pública interna e com financiadores internacionais não é uma boa tática. Sobretudo no momento em que vivemos uma crise em que a falência do modelo aparece a cada novo indicador econômico.

Avançamos, desde o fim da ditadura. Houve confrontos, como o dos petistas com Mário Covas, operações extremas, como a dos aloprados em 2006. Em vez de se abrir para reparar os graves erros na economia e na política, Lula convoca um exército, como se acabassem os argumentos e o confronto fosse a única saída para o impasse que o próprio PT criou.

Transformar adversários políticos em inimigos significa uma regressão. Nosso processo democrático já havia superado esse estágio. O insulto a pessoas em busca de ajuda médica, como foi o caso da mulher de Mantega, é injustificável. Mas partiu de pessoas sem responsabilidades com o processo político. Assumir um tom de guerra à frente de um partido, como fizeram Lula e Quaquá, parece-me um ato de desespero. É uma ilusão intimidar para se defender.

Domingo que vem é 15 de março. Manifestações de protesto estão marcadas. O PT marcou a sua para defender o governo e a Petrobras que ele mesmo arruinou. Mas vai fazê-lo dois dias antes. Melhor assim. Vamos deixar que tudo aconteça, sem ameaças, sem porradas. Que o país se expresse em paz e que seja honrado o legado coletivo desses anos de democratização.

Falaram tanto na campanha eleitoral: filmes, lendas, imagens de um Brasil paradisíaco que fabricaram. Agora é hora de ouvir um pouco o que pensam as pessoas. Guardem exército e porradas para o videogame. Desbloqueiem o caminho do país real.


Bate-boca entre Hugo Motta e parlamentares na CPI da Petrobras



Com problemas no orçamento, governo fanfarrão do PT adia início das aulas do Pronatec

Por Danielle Cabral Távora

dinheiro_44Para depois – O discurso da “pátria educadora”, vociferado por Dilma Rousseff na cerimônia de posse no segundo mandato, virou fumaça em pouco mais de dois meses. Após ter atrasado o pagamento de mensalidades, o governo federal agora decidiu adiar em mais de um mês o início das aulas de novas turmas do Pronatec, programa custeado pela União que oferece cursos técnicos gratuitos.

Na última terça-feira (3), o Ministério da Educação informou que a previsão para o início das aulas passaria para o dia 17 de junho (a previsão inicial era que começasse no dia 7 de maio). O anúncio do número de vagas que as instituições de ensino oferecerão no Pronatec foi postergado para 13 de abril.

Para a associação que representa instituições privadas de ensino (Abmes), o adiamento das aulas indica que haverá redução de vagas oferecidas neste ano no Pronatec. Vale ressaltar que o programa foi uma das principais bandeiras eleitorais da presidente Dilma Rousseff.

Geralmente, o programa abre duas turmas por ano. “Se as aulas do primeiro semestre começarão em junho, é improvável que haja uma segunda chamada”, disse o diretor executivo da Abmes, Sólon Caldas.

A cada semestre cerca de 200 mil estudantes começam a estudar por meio do Pronatec. Porém, diretores de escolas afirmam que membros do governo alegam que tem faltado recursos para o programa.

Em nota, o Ministério da Educação afirmou que “está finalizando a pactuação de vagas com os ofertantes e em breve divulgará mais informações”. E, finalizou dizendo que aguarda a aprovação no Congresso do Orçamento 2015.

Fato é que desde o fim de 2014 há dificuldades orçamentárias no programa. O governo chegou a atrasar as mensalidades de três meses, que deveriam ser repassadas às instituições privadas que oferecem as vagas.


O Ministério da Educação afirmou que havia quitado a dívida. Mas o pagamento se referia apenas a uma das parcelas atrasadas. Segundo representantes de escolas, a previsão agora é que os pagamentos sejam quitados apenas em abril. 


Publicado originalmente no site UCHO.INFO