É muito complicado juntar tanta gente, como acontece na
Meca, sem o risco de incidentes trágicos como o de hoje. Nos tempos de nossos
avós, o santuário do mundo muçulmano recebia por ano 50 mil fieis. No ano
passado, foram 2 milhões.
A Meca fica na Arábia Saudita, onde, por causa do petróleo,
não falta dinheiro para nada. O governo já investiu 2 bilhões de dólares para
aumentar o conforto e a segurança dos peregrinos. Mas nem sempre funciona. Há
duas semanas, a queda acidental de um guindaste matou 107 pessoas.
Hoje foram mais de 700. Não se conhece a origem do tumulto
de hoje. A Arábia Saudita é uma monarquia ditatorial. A imprensa não é livre
para investigar. As autoridades dizem que, agora de manhã, os fieis não
respeitaram o fluxo das passarelas, que dão acesso ao local da tragédia. Mas o
líder de um grupo de peregrinos do Irã, diz que a culpa foi da polícia, que
fechou duas passarelas e provocou o tumulto. Tudo aconteceu a quatro
quilômetros da Meca, onde três colunas são apedrejadas num ritual religioso.
Essas colunas indicam o local em que o patriarca Abraão -
chamado de Ibraim, pelos árabes - foi tentado pelo demônio e o rechaçou a
pedradas. Isso há 4 mil anos. Bem antes de Maomé, que fundou a religião
muçulmana no século 7 depois de Cristo. A comunidade muçulmana cresceu no mundo
árabe, entre os persas, na Ásia e na África. E ela tem hoje mais poder
aquisitivo para cumprir a obrigação de, pelo menos uma vez na vida, peregrinar
até a Meca.
A história dos tumultos é longa e já produziu milhares de
mortos. O pior incidente foi em 1990, quando mais de 1.400 morreram dentro de
um túnel para pedestres. Os peregrinos são hoje enquadrados por 100 mil
policiais. Eles têm ainda a assistência de 25 mil médicos e enfermeiros. Não
adiantou nada. As 220 ambulâncias não davam conta, agora de manhã, de recolher
os mais de 800 feridos. Todos os números são superlativos quando falamos da
Meca.
É assim que o mundo gira.
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