Por PercivalPuggina
De uns tempos
para cá, a novilíngua gramscista encontrou no sufixo "fobia" um
pé-de-cabra semântico muito útil ao seu trabalho desonesto no plano da cultura.
Basta aplicar o sufixo a um determinado vocábulo para impor silêncio à
divergência. Assim, por exemplo, a palavra xenofobia tem sido usada em relação
a quem considere excessivamente permissivo o ingresso no Ocidente de imigrantes
oriundos do mundo islâmico. Os mais exaltados chegam a identificar essa atitude
com o nazismo, como se simples recomendações à prudência equivalessem à
construção e uso extensivo de câmaras de gás. E não faltam papagaios para,
desde seus poleiros nos meios de comunicação, correntinha ideológica presa à
perna, repetirem incessantemente a mesma tolice: "Xenofobia!
Xenofobia!".
Ora, o Islã político
(dificilmente dissociável do ensino do Profeta) assusta o mundo, insistente e
desabridamente. Ataca o Ocidente com ameaças, palavras e obras. É a jihad, que
já conta 15 séculos. Não há paz onde ela se manifesta. Um enorme conjunto de
organizações terroristas proclamam seu objetivo de acabar com os
"infiéis" (ou seja, eu e vocês que me leem). O dito califado, do
autodenominado "Estado" islâmico, explicita acima de qualquer dúvida
intenções de espalhar pelo mundo seu poder e as monstruosidades que pratica na
Síria e no Iraque. Não há limites à sua demoníaca malignidade. Então, a
prudência não pode ser desprezada, como não a desprezaríamos em nossas casas ao
acolher alguém.
Aqui no Brasil,
setores da mídia ainda não decidiram se: 1) o capitalismo acabou, a Europa
quebrou e viva o socialismo!, ou 2) o capitalismo é um sucesso e a Europa,
rica, deve acolher com generosidade os infelizes da Terra. Para eles, porém,
num caso ou noutro, em quaisquer circunstâncias, hoje e sempre, o Ocidente é
culpado de tudo.
Não nego que a
xenofobia pode se manifestar em qualquer sociedade. Inclusive entre os
ocidentais que odeiam o Ocidente. Pode, mas não é essa a regra. Quem pôs fogo
num imigrante senegalês em Santa Maria é indivíduo enfermo, portador de uma
fobia que merece contenção e tratamento. Essas pessoas não são representativas
de coisa alguma, exceto da própria enfermidade.
O que escrevo e
descrevo não é difícil de entender, mas pode se tornar incompreensível se os
conceitos forem espancados até formarem uma massa única e disforme, como pretendem
os papagaios da ideologia. Se o mesmo viés fosse usado para todas as
manifestações dessas mesmas pessoas, teríamos que criar os vocábulos e
correspondentes execrações públicas para os "cristofóbicos", os
"meritofóbicos", os "machofóbicos", os "brancofóbicos",
os "milicofóbicos", "europofóbicos" e assim por diante.
Então, ativistas,
dobrem a língua e a novilíngua. Saibam: o uso desonesto do vocabulário para
difundir conceitos errados com fins políticos é apenas mais uma dentre as
muitas formas em que a corrupção se manifesta.
_______________
Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é
arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista
de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra
o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do
grupo Pensar+.
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