Há bem poucos anos,
a Europa se queixava do excesso de imigrantes. Mas ela precisava de
mão-de-obra, e também precisava dividir a prosperidade com os trabalhadores dos
antigos territórios coloniais. Eram os paquistaneses na Inglaterra, ou os
Argelinos na França. Mas essa chamada "invasão estrangeira" mudou de
perfil. Agora, o drama tem como protagonistas os refugiados. Nós já falamos
dessa multidão que cruza o Mediterrâneo para pedir asilo na Itália ou na
Espanha. Os barcos afundam, e este ano mais de dois mil já morreram afogados.
Eis que hoje, terça-feira, dois alertas foram lançados ao mesmo tempo. O primeiro
veio das Nações Unidas.
O Alto Comissariado
de Refugiados fez as contas e anunciou, em Genebra, que 160 mil desesperados já
desembarcaram desde janeiro na Grécia. Só em julho, foram 60 mil. A Grécia é um
país pequenininho, com pouco mais de 10 milhões de habitantes. Mas é também um
país que afundou numa profunda crise econômica. Não tem como dar casa e emprego
para tanta gente. Mesmo assim, a ONU fez um apelo para que o governo grego
demonstre generosidade.
O segundo alerta
veio da Alemanha. O governo de Berlim calculava que receberia este ano 450 mil
refugiados. Fez uma nova previsão e agora espera 750 mil. Mesmo sendo o país
mais rico da Europa, ele vai ter dificuldades para absorver tanta gente. A
Alemanha superou a Suécia, que até agora recebia mais refugiados. Esses
desesperados fogem dos conflitos africanos, fogem da guerra civil na Síria, que
já dura quatro anos. E fogem também do Iraque e no Afeganistão. O mundo não
está nem mais, nem menos violento. A única grande novidade que faz imensos
estragos são os malucos do Estado Islâmico, que atuam no Oriente Médio, e
espalharam franquias na Nigéria e na Líbia. A solução, então, é fugir para a
Europa. Mas ela não tem uma capacidade ilimitada para receber essa multidão de
vítimas. Isso gera intolerância, e essa coisa horrorosa que é o racismo.
É assim que o mundo
gira.
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