O desemprego continua avançando e em ritmo cada vez mais
acelerado, especialmente em relação ao ano passado, quando a situação era de
quase pleno emprego. O pior é que isso está ocorrendo numa época em que o
desemprego deveria perder força, já que a proximidade do final do ano sempre dá
um fôlego à mais na geração de vagas. Só que agora tem uma recessão pesada, que
já prejudica também o rendimento médio do trabalhador e a qualidade do emprego.
Muita gente demitida acaba tendo de trabalhar sem carteira assinada ou por conta
própria.
As vagas informais
cresceram 60 mil só de junho pra julho. E as perspectivas são ruins. Só estão
saindo dados mais fracos da indústria, da construção, do comércio, dos
serviços. E o governo parece perdido em relação a essa questão do emprego. Não
tem uma estratégia. Veio com aquela proposta de redução de salários e jornada
de trabalho, que como estamos vendo, não está conseguindo frear muito as
demissões. Acordos nesse sentido estão ocorrendo, mas em outras bases, já que a
medida favorece empresas que já estavam demitindo.
Nesta semana voltou àquela velha prática de privilegiar
determinados setores, garantindo crédito mais barato, nos bancos estatais, para
o segmento automobilístico, por exemplo. Como se um setor ou os empregos de um
setor fossem melhores que de outros. E ontem garantiu, no Congresso, a oneração
da folha de salários. Aumentou a tributação para as empresas, o que pode
resultar em mais demissões. A indústria reclamou, alertou, apresentou propostas
alternativas, mas nada.
O governo quer reforçar o Caixa, pra garantir um saldo
positivo das contas. A indústria já prevê até uns 200 mil cortes a mais por
causa dessa mudança. O que devemos ter pela frente é mais recessão e
desemprego, afetando a geração de impostos, o que dificulta o cumprimento da
meta fiscal, de superávit das contas do governo. Enfim, pode ser mais um tiro
no pé.
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