Políticos e articulistas esquerdistas esperneiam
muito e dizem que é a “segunda cassação de Jango”
Rodrigo Rollemberg, na quarta-feira, 19, declarou nula a
cessão de um terreno no Eixo Monumental para a construção do Memorial da
“Liberdade e Democracia”, que seria dedicado ao presidente João Goulart.
O projeto foi desenhado pelo socialista Oscar Niemeyer e
parecia caminhar a todo vapor, até trombar numa muralha, formada pelos
ex-governadores Joaquim Roriz e José Roberto Arruda e pelo empreiteiro Paulo
Octávio Pereira.
Mesmo com um abaixo-assinado de 45 senadores que corre pelo
Senado Federal contra a ‘segunda cassação’ de João Goulart a obra parou por
conta de posicionamento de militares do Exército Brasileiro.
O governador de Brasília não ousa enfrentar as pressões
de militares, cujos nomes ele não tem coragem de revelar. Dias atrás, a
senadora Vanessa Graziottin, do Partido Comunista, teve a prova disso pela boca
do próprio general Eduardo Dias da Costa Villas Boas, comandante do Exército.
O comandante disse, sobre a obra:
“Este memorial não pode ser construído ao lado do
Quartel-General. Isso é uma afronta ao Exército!”
A senadora Vanessa Graziottin havia ido ao local e lá
encontrou o general, no Eixo Monumental, num espaço entre a Praça do Cruzeiro e
o Memorial JK.
A senadora acha um exagero a “proibição” e reclama, pois o
terreno fica a um quilômetro de distância, em linha reta, do QG do Exército
onde trabalha o comandante Villas Boas e sua tropa.
Ha alguns anos, pouco antes de deixar o Ministério da
Defesa, o então ministro Amorim explicou ao decepcionado filho do falecido
Jango, João Vicente Goulart, a razão da intriga militar contra a construção do
memorial:
— Esta seta já provocou alguns problemas. Ela está apontada
para o QG e seria melhor colocar do outro lado da avenida — apontou o ministro
Amorim.
O monumento contém em seu projeto uma cunha vermelha, com a
ostensiva inscrição do ano de 1964, exactamente na cúpula branca da construção
ondulada, que possuirá cerca de 1.200 metros quadrados.
Para o Exército, a seta com a inscrição 1964, ideia de Oscar
Niemeyer, seria uma clara alusão à foice e ao martelo. E, pior do que
isso, o terreno foi cedido em 1988 aos pracinhas, para a construção
do “Memorial dos Heróis da Pátria”. Mas, o projeto não foi concretizado,
obviamente pelo facto do país não valorizar como deveria seus heróis.
Em março desse ano o grupo Pioneiros de Brasília
ameaçou se manifestar no local e até derrubar os tapumes. O presidente da
entidade, Rossevelt Dias Beltrão garantiu que seu grupo ia se opor. “Se o
Lula quer chamar o exército do MST para ir contra aqueles que não gostam do seu
partido, chamaremos o próprio exército para ir contra essa afronta aos
pracinhas“, disse. “Não vamos deixar construir”, sentenciou.
Essa semana sites ligados a esquerda, como 247 e VioMundo,
(ao lado) já começaram sua campanha para que a discussão cresça. Contudo,
cremos que a cúpula esquerdista por esses dias está mais preocupada em não
desabar de vez, por isso esse assunto deve, por enquanto, ser colocado em
segundo plano.
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