Por Antonio Maria Delgado
O projeto venezuelano de aviões não-tripulados -
conhecidos como M2 - está a cargo do engenheiro da Guarda Revolucionária
Iraniana, Ramin Keshavarz.
O porto secreto do Irã em Paraguaná, Venezuela, está a
apenas 1.880 quilômetros de Miami: a 3.095 quilômetros de Washington DC e a só
988 quilômetros da cidade de Bogotá, Colômbia.
O sistema de foguetes iranianos está capacitado para
alcançar facilmente essas distâncias. Só resta saber se o Irã desenvolveu
ogivas nucleares para armar seus mísseis. Deve-se levar em conta que o sistema
missilístico iraniano de longo alcance classe Shahab-3, pode alcançar alvo de
até 5.000 quilômetros.
O governo venezuelano cedeu ao Irã desde há cinco anos o uso
de um estaleiro na Península Paraguaná, que é usado pelo país islâmico como
porto privado para ingressar equipamentos e material sob um manto secretíssimo,
disseram fontes próximas à situação.
O estaleiro Astinave encontra-se no ponto geográfico
venezuelano mais próximo dos Estados Unidos e do Canal do Panamá, enquanto que
a península foi identificada por fontes de inteligência ocidentais - citadas em
duas reportagens do diário alemão Die Welt - como o lugar
escolhido pelo Irã para colocar alguns de seus mísseis balísticos de médio
alcance.
Um documento obtido por El Nuevo Herald assinala
que o governo venezuelano contratou a empresa Iranian Offshore Engineering
& Construction Company (IOEC) para que ampliasse o estaleiro, situado no
estado Falcón, e que havia sido previamente expropriado pelo governo de Hugo
Chávez. O documento - assinado em 2010 por Asdrúbal Chávez, primo do
presidente, representando a PDVSA Naval - contempla a construção de um pátio
para a fabricação de plataformas.
Porém, fontes próximas à situação disseram que o pessoal
iraniano nunca saiu das instalações, enquanto que os empregados venezuelanos
que se encontravam lá, foram enviados para suas casas e nunca se lhes permitiu
voltar, em que pese que continuam recebendo seus salários. “O contrato
é só uma cobertura, o mecanismo utilizado para justificar a presença do pessoal
iraniano. Porém, no momento em que foi assinado, em 2010, no momento em que
isso ocorreu, o Irã passou a ter controle absoluto de um porto totalmente
independente da Venezuela”, disse uma das fontes que falou sob a condição
do anonimato.
“É um estaleiro, mas ao ter os guindastes que tem e ao
ter o dique que tem, não necessitas atracar nenhum navio em Puerto Cabello, nem
em La Guaira, nem em Güiria, nem em Maracaibo porque já controlas um. Só tu e
exclusivamente tu”, disse a fonte. Outra fonte, pertencente à Armada
venezuelana, disse que um elevado número de contêineres foi recebido por navio
em Astinave e que os contêineres já vazios foram colocados de um lado das
instalações, onde permanecem no esquecimento.
A prática chama a atenção devido aos elevados custos dos
contêineres que normalmente passam pouco tempo vazios antes de ser devolvidos
ou usados para carregar nova mercadoria. O Irã, cujo ex-presidente Mahmud
Ahmadinejad se reuniu com Chávez em Caracas, conduz várias misteriosas
operações bélicas na Venezuela, inclusive o desenvolvimento de um avião
não-tripulado.
Documentos obtidos previamente por El Nuevo Herald e
fontes próximas à situação, revelaram que o projeto venezuelano de aviões
não-tripulados - conhecidos como M2 - está a cargo do engenheiro da Guarda
Revolucionária Iraniana, Ramin Keshavarz, que antes trabalhou em uma das
companhias de defesa do país islâmico que foram sancionadas internacionalmente
por sua provável relação com os programas de mísseis. Essas operações estão
atualmente sendo investigadas pelas autoridades norte-americanas.
Segundo uma série de artigos publicados por Die Welt,
Irã e Venezuela teriam assinado um pacto secreto para a construção de uma base
missilística na península de Paraguaná. Sob as condições do pacto, as
instalações seriam operadas por pessoal iraniano e o país islâmico estaria em
condições de fazer uso dos mísseis contra os Estados Unidos em caso de ser
atacado pelo Ocidente.
O diário alemão disse, citando fontes de inteligência
ocidentais, que a base seria o lar de silos de mísseis balísticos de médio
alcance. O Irã atualmente conta com um míssil balístico com um alcance de 1.280
quilômetros, o Shahab-3, e uma variante deste modelo com um alcance de 1.930
quilômetros, e desenvolve o mais moderno Ghadr-110, com um alcance de mais de
2.500 quilômetros. O Departamento de Estado disse há alguns meses que não tinha
evidência que respaldasse os artigos de Die Welt, enquanto o
governo venezuelano negou enfaticamente sua existência.
“Nós desmentimos que em Paraguaná haja uma instalação
militar de país estrangeiro”, assegurou o vice-presidente Elías Jaua. “Já
havia sido lançada em dias anteriores, uma destas panelas que o império
norte-americano fabrica em seus laboratórios de guerra suja, para continuar
agredindo a Venezuela”. Não obstante, o diário alemão reportou que um grupo
de engenheiros de Jatam, a Guarda Revolucionária Iraniana, e uma empresa de
construção de propriedade de Al-Anbia, visitaram as instalações que
estão sendo construídas na península em várias ocasiões.
Uma destas visitas foi realizada em fevereiro, na qual teria
participado o comandante da Força Aérea da Guarda Revolucionária Iraniana, Amir
Al-Hadschisadeh, que aprovou os planos junto com os sócios venezuelanos. A
intenção expressa nessa ocasião pela delegação iraniana, era a de desenvolver
uma infra-estrutura de proteção contra ataques aéreos. Também está prevista a
criação de uma estação de comando e controle, a construção de zonas
residenciais, torres de vigilância e bunkers para eventualmente armazenar
ogivas nucleares, combustível de foguetes e outros elementos, assinalou o diário.
Os planos da empresa de construção Jatam Al-Anbia incluem um
sistema oculto para o derramamento de gases tóxicos, precaução necessária para
manter em segredo a localização da instalação, sem chaminés ou árvores de
grande ventilação detectáveis desde o ar. De acordo com a informação do diário
alemão, a delegação iraniana também obteve dinheiro em espécie para gastos
iniciais do projeto durante sua visita à Venezuela.
Tradução: Graça Salgueiro
Fonte: Mídia Sem Máscara
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