Por Carlos Chagas
A sombra do desemprego assentou-se sobre o país de forma definitiva. Na
construção civil, na indústria automobilística, nos estaleiros, nas
hidrelétricas em construção, apenas? Não. Nos serviços, nos transportes, no
comércio, nas pequenas empresas, até no trabalho doméstico vem se registrando
dispensas em massa. O aumento da violência constitui apenas um dos sintomas da
falta de trabalho para contingentes sociais cada vez maiores. O Brasil não saiu
de uma guerra, tendo vencido ou perdido, como costuma acontecer em outras
nações, de tempos em tempos. Aliás, antes das guerras é que o desemprego
diminui, com o incentivo à indústria bélica.
Historicamente, para criar postos de trabalho, só existe uma solução: o
Estado assumir a tarefa, diretamente ou financiando empresas privadas. Foi
assim nos Estados Unidos quando Franklin Roosevelt adotou o New Deal e partiu
para a realização de obras públicas de toda espécie, de hidrelétricas a imensas
rodovias. No outro lado do mundo, Joseph Stalin adotou a mesma solução, da
indústria pesada ao metrô de Moscou. Logo os dois também mergulharam de cabeça na
produção de armamentos e o desemprego despencou.
Entre nós, até agora, não se tem notícia de iniciativas do Estado
através do governo Dilma. Pelo contrário, a política em curso impulsiona o
desemprego, em nome do ajuste fiscal. Sequer é estimulado o setor do
agronegócio, dos poucos que ainda se mantém funcionando a contento, mas
utilizando cada vez menos a mão de obra humana.
Continuando as coisas como vão, breve a legião de desempregados
suplantará a força de trabalho ativa.
Fazer o quê? Um programa de obras públicas para valer exigiria a
premissa imperativa de se extinguir a corrupção, hoje a praga que nos assola.
Apesar de bem sucedidos esforços do Judiciário, do Ministério Público e da
Polícia Federal, parece difícil que consigam, a curto prazo, resultados capazes
de aparelhar o Estado para o cumprimento de sua obrigação fundamental de
combater o desemprego. A ironia está em que a corrupção apoderou-se do Estado –
ou da maior parte dele.
Eis um mistério dentro de um enigma, envolto por uma charada: o Estado
acabará com o desemprego, mas só depois de extirpar a própria corrupção.
DEVOLVER A VITÓRIA?
Outra do general George Patton, aqui citado ontem como general
brilhante. Comandando o III Exército dos Estados na conquista da Sicília e
diante do impasse que imobilizava as tropas do general inglês Bernard
Montgomery, Patton descumpriu ordens e lançou-se para o outro lado da ilha,
entrando em Palermo e depois em Messina, alvo destinado aos ingleses. Ao
receber ordens para não tomar essas duas cidades, já tomadas, passou um
telegrama ao general Alexander, comandante em chefe: “informe por escrito se
quer que eu devolva Palermo e Messina aos alemães...”
Quer o governo Dilma que Eduardo Cunha devolva a Câmara ao PT?...
Fonte: A Verdade Sufocada
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