Por Denise Campos de Toledo
Esses recordes dos
juros foram em junho. Antes do novo aumento da taxa básica, decidido ontem pelo
Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central. A taxa básica subiu mais
meio ponto, indo a 14,25% ao ano, o nivel mais alto desde 2006. A partir disso
devemos ter mais uma rodada de alta dos juros, em geral. E, até, com algum
reforço, como tem acontecido. Os juros na ponta final subiram muito mais que a
taxa básica.
Os bancos incluem um percentual a mais, por exemplo, pra compensar
o risco de inadimplência. Apesar de o atraso de pagamento não estar crescendo
muito - ficou até estável em junho - há esse risco, pelas dificuldades que as
famílias e empresas estão enfrentando pra administrar as finanças, por causa da
inflação, da própria elevação dos juros, o desemprego, a queda de movimento.
Quem está enroscado, em algum momento pode não conseguir bancar as dívidas. Por
conta disso, o crédito vai ficando ainda mais caro e escasso. Processo que
reforça a desaceleração da atividade. Por isso, esse aumento, agora, da taxa
básica foi mais questionado. Mas o fato é que o Banco Central quer mesmo uma
desaceleração mais forte da demanda pra forçar as empresas a segurarem os
aumentos e assim conseguir derrubar a inflação.
Problema é que junto vai
derrubar mais a economia, podendo aprofundar ou prolongar mais a recessão.
Mesmo que os juros parem de subir, como até sinalizou o Copom. O comunicado que
veio com a nova taxa falou em manutenção desse patamar. Só que por período
suficientemente prolongado pra fazer a inflação convergir para o centro da meta
no final de 2016. Na prática, os juros vão permanecer nas alturas pra fazer com
que a inflação caia dos mais de 9% deste ano pra 4,5% no ano que vem. o que
pode custar caro em termos de atividade e emprego.
Nada contra derrubar a
inflação. Inflação alta atrapalha a vida do consumidor, das empresas, toda a
economia. Problema é querer obter o resultado com muita rapidez, pra mostrar
serviço, garantir credibilidade, sendo que boa parte da inflação não veio da
demanda mas do exagero que também houve na correção dos preços administrados,
como energia.
Fonte: YouTube/Jornal da Gazeta
Nenhum comentário:
Postar um comentário