sexta-feira, 31 de julho de 2015

Juros altos contra inflação prolongam recessão

Por Denise Campos de Toledo


Esses recordes dos juros foram em junho. Antes do novo aumento da taxa básica, decidido ontem pelo Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central. A taxa básica subiu mais meio ponto, indo a 14,25% ao ano, o nivel mais alto desde 2006. A partir disso devemos ter mais uma rodada de alta dos juros, em geral. E, até, com algum reforço, como tem acontecido. Os juros na ponta final subiram muito mais que a taxa básica. 

Os bancos incluem um percentual a mais, por exemplo, pra compensar o risco de inadimplência. Apesar de o atraso de pagamento não estar crescendo muito - ficou até estável em junho - há esse risco, pelas dificuldades que as famílias e empresas estão enfrentando pra administrar as finanças, por causa da inflação, da própria elevação dos juros, o desemprego, a queda de movimento. 

Quem está enroscado, em algum momento pode não conseguir bancar as dívidas. Por conta disso, o crédito vai ficando ainda mais caro e escasso. Processo que reforça a desaceleração da atividade. Por isso, esse aumento, agora, da taxa básica foi mais questionado. Mas o fato é que o Banco Central quer mesmo uma desaceleração mais forte da demanda pra forçar as empresas a segurarem os aumentos e assim conseguir derrubar a inflação. 

Problema é que junto vai derrubar mais a economia, podendo aprofundar ou prolongar mais a recessão. Mesmo que os juros parem de subir, como até sinalizou o Copom. O comunicado que veio com a nova taxa falou em manutenção desse patamar. Só que por período suficientemente prolongado pra fazer a inflação convergir para o centro da meta no final de 2016. Na prática, os juros vão permanecer nas alturas pra fazer com que a inflação caia dos mais de 9% deste ano pra 4,5% no ano que vem. o que pode custar caro em termos de atividade e emprego. 

Nada contra derrubar a inflação. Inflação alta atrapalha a vida do consumidor, das empresas, toda a economia. Problema é querer obter o resultado com muita rapidez, pra mostrar serviço, garantir credibilidade, sendo que boa parte da inflação não veio da demanda mas do exagero que também houve na correção dos preços administrados, como energia.

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