terça-feira, 28 de julho de 2015

Cresce o risco de recessão também em 2016

Por Denise Campos de Toledo


A inflação deve ceder mesmo no ano que vem. Primeiro, porque não vamos ter um tarifaço como deste ano. Os preços administrados pelo governo, como energia, devem subir bem menos. Só isso já vai fazer diferença. Depois, tem recessão, o aumento do desemprego, a própria inflação e o custo mais alto do crédito derrubando a demanda. Com demanda mais fraca, as empresas têm menos espaço pra subir preços e são forçadas, em alguns casos, até a baixar, fazer promoções, pra garantir algum movimento. E o Banco Central ainda deve aumentar mais os juros, reforçando todo esse processo.

A expectativa é que o Copom, o Comitê de Política Monetária, aumente a taxa básica, a selic, de 13,75 para 14,25% ao ano, na reunião desta semana. Mais aumento dos juros básicos pode provocar mais uma rodada de alta nas demais taxas da economia.

É por tudo isso que o mercado, de acordo com o relatório semanal Focus, divulgado hoje pelo Banco Central, prevê que o IPCA, o índice oficial de inflação, feche o ano em 9,23%, caindo, no ano que vem, para 5,4%. O que pode atrapalhar um pouco é dólar, que já subiu bastante desde a semana passada, pelas incertezas quanto ao andamento da economia e um possível rebaixamento da nota de avaliação do País, após a redução da meta de superávit das contas públicas, anunciada pelo governo. O dólar mais alto pressiona os preços dos importados e a inflação Pode até ser que tenha alguma estabilidade no curto prazo. Mas temos no cenário muitos fatores de incerteza que podem jogar o dólar para um patamar bem mais alto.

Além da possibilidade de rebaixamento, tem a evolução ruim da economia e a crise política. O mercado já prevê uma retração do PIB, do Produto Interno Bruto, de 1,76% este ano, com expansão de apenas 0,2% no ano que vem. Mas ainda deve rever esses números, porque a economia continua piorando Cresceu o risco de recessão também no ano que vem.

Qualquer projeção que se faça hoje tem de levar em conta muita coisa, desde a capacidade de o governo ajustar as contas e encaminhar uma agenda mais positiva, até o risco de rebaixamento do País ou de um eventual processo de impeachment. O que se espera é que 2016 seja menos ruim. É o que dá pra esperar, por enquanto, Mas sem essa confiança toda que o governo quer passar.

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