Por Denise Campos de Toledo
A inflação deve ceder mesmo no ano que vem. Primeiro, porque
não vamos ter um tarifaço como deste ano. Os preços administrados pelo governo,
como energia, devem subir bem menos. Só isso já vai fazer diferença. Depois,
tem recessão, o aumento do desemprego, a própria inflação e o custo mais alto
do crédito derrubando a demanda. Com demanda mais fraca, as empresas têm menos
espaço pra subir preços e são forçadas, em alguns casos, até a baixar, fazer
promoções, pra garantir algum movimento. E o Banco Central ainda deve aumentar
mais os juros, reforçando todo esse processo.
A expectativa é que o Copom, o Comitê de Política Monetária,
aumente a taxa básica, a selic, de 13,75 para 14,25% ao ano, na reunião desta
semana. Mais aumento dos juros básicos pode provocar mais uma rodada de alta
nas demais taxas da economia.
É por tudo isso que o mercado, de acordo com o relatório
semanal Focus, divulgado hoje pelo Banco Central, prevê que o IPCA, o índice
oficial de inflação, feche o ano em 9,23%, caindo, no ano que vem, para 5,4%. O
que pode atrapalhar um pouco é dólar, que já subiu bastante desde a semana
passada, pelas incertezas quanto ao andamento da economia e um possível
rebaixamento da nota de avaliação do País, após a redução da meta de superávit
das contas públicas, anunciada pelo governo. O dólar mais alto pressiona os
preços dos importados e a inflação Pode até ser que tenha alguma estabilidade
no curto prazo. Mas temos no cenário muitos fatores de incerteza que podem
jogar o dólar para um patamar bem mais alto.
Além da possibilidade de rebaixamento, tem a evolução ruim
da economia e a crise política. O mercado já prevê uma retração do PIB, do
Produto Interno Bruto, de 1,76% este ano, com expansão de apenas 0,2% no ano
que vem. Mas ainda deve rever esses números, porque a economia continua piorando
Cresceu o risco de recessão também no ano que vem.
Qualquer projeção que
se faça hoje tem de levar em conta muita coisa, desde a capacidade de o governo
ajustar as contas e encaminhar uma agenda mais positiva, até o risco de
rebaixamento do País ou de um eventual processo de impeachment. O que se espera
é que 2016 seja menos ruim. É o que dá pra esperar, por enquanto, Mas sem essa
confiança toda que o governo quer passar.
Fonte: YouTube/Jornal da Gazeta
Nenhum comentário:
Postar um comentário