sexta-feira, 26 de junho de 2015

Lava-Jato: Habeas Corpus preventivo pede ao Juiz Sérgio Moro que não prenda Lula, o lobista


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Tiro ao alvo – Nesta quarta-feira, 24, a Justiça Federal do Paraná recebeu um pedido de habeas corpus preventivo para que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva não seja preso na Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, caso o juiz federal Sergio Moro tome decisão nesse sentido. O pedido refere-se a um possível pedido de prisão preventiva e foi confirmado pela assessoria de imprensa do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

O Instituto Lula negou que o ex-presidente tenha entrado com o pedido. De acordo com o instituto, qualquer cidadão poderia fazer esse pedido. Inclusive, a assessoria de Lula encara a atitude como de “alguém preocupado com o ex-presidente” ou “como uma provocação”.

“O Instituto Lula estranha que sua divulgação parta do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO)”, ressaltou o instituto. Caiado, um dos principais oposicionistas do governo petista no Senado, divulgou em seu Twitter, nesta quinta-feira, que Lula teria entrado com o pedido por receio de ser preso. “O ex-presidente não é investigado na Operação Lava-Jato”, finaliza o instituto.

Entre os assuntos relacionados na solicitação constam “lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores oriundos de corrupção” e “prisão preventiva”.

É importante ressaltar que Lula tem dito a aliados que a prisão dos presidentes da Odebrecht e da Andrade Guiterrez demonstra que ele será o próximo alvo da operação que investiga um enorme esquema de corrupção na Petrobras. Nas conversas, ele se mostra preocupado pelo fato de não ter foro privilegiado, podendo ser chamado a depor a qualquer momento. Lula ainda expressa insatisfação que o caso ainda esteja sob a condução do juiz Sérgio Moro.

Apesar do fato de que outros partidos possam ser afetados pelos desdobramentos da investigação, a tensão é maior entre petistas. Desde o fim do ano passado, a informação, que circulava no meio empresarial e político, era de que, caso fosse preso, Marcelo Odebrecht não “cairia sozinho”.

A Construtora Odebrecht sempre negou ameaças. Contudo, entre executivos e políticos, as supostas ameaças eram vistas como um recado ao PT, dada a proximidade entre a Odebrecht e Lula. A empresa chegou a patrocinar viagens do ex-presidente ao exterior, que tentava iniciar negócios na África e América Latina.

Um dos presos é Alexandrino Alencar, diretor da Odebrecht que acompanhava Lula nessas viagens patrocinadas pela empreiteira. Integrantes dizem que “querem pegar Lula”. Lula também se encontrou com executivos da Odebrecht no exterior.

Em viagem à Guiné Equatorial, em 2011, como representante do governo Dilma e chefe da delegação brasileira na Assembleia da União Africana, o ex-presidente colocou Alencar entre os integrantes de sua delegação oficial. A inclusão de Alencar no grupo causou estranheza no Itamaraty, que pediu informações sobre o caso à assessoria de Lula – o nome não constava da lista oficial enviada inicialmente ao ministério.

A Odebrecht entrou na Guiné Equatorial após a visita de Lula.

Lula e Alencar são conhecidos de longa data: no livro “Mais Louco do Bando”, Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, relata uma viagem em 2009 que Alexandrino fez a Brasília com Emílio Odebrecht, presidente do conselho de administração da empresa. Na época, Lula pediu ajuda à Odebrecht para o Corinthians construir seu estádio.

Esta não foi a única viagem internacional de Lula com participação do ex-executivo da Odebrecht (ele pediu demissão nesta semana). Em maio de 2011, o ex-presidente foi ao Panamá a convite da empresa. No roteiro, estavam previstos visitas a obras da empresa com ministros, o presidente Ricardo Martinelli e a primeira-dama.

Na ocasião, o ex-diretor ofereceu jantar em sua casa para Lula, Martinelli e os ministros da Economia, Obras Públicas e Assuntos do Canal.

Como revelou a Folha em 2013, o ex-presidente prometeu, após o jantar, levar três pedidos a Dilma, com quem teria encontro na mesma semana: maior presença da Petrobras no Panamá, um encontro entre os ministros dos dois países e a criação de um centro de manutenção da Embraer.

A Odebrecht obteve no Panamá contratos de US$ 3 bilhões. Cinco meses depois do jantar, engenheiros da construtora foram fotografados com um estudo de impacto ambiental sobre uma obra que só seria anexado à licitação três meses mais tarde.

Em depoimento à Polícia Federal na Operação Lava Jato, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco disse ter recebido cerca de US$ 1 milhão de propina da Odebrecht por meio de contas no Panamá. Segundo ele, o executivo Rogério Araújo foi quem operou o pagamento.

Em junho e julho de 2011, Lula também viajou ao exterior com apoio da empresa. O ex-presidente viajou em jato da Odebrecht para Caracas, na Venezuela. Lá, encontrou-se com “grupo restrito de autoridades e representantes do setor privado”.

O ex-presidente também esteve em Angola para um evento patrocinado pela Odebrecht. Essas viagens constam de telegramas do Itamaraty, revelados pela Folha em 2013. (Danielle Cabral Távora)

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