segunda-feira, 15 de junho de 2015

Lava-Jato: acareação entre doleiro e ex-diretor da Petrobras complica a vida de Gleisi Hoffmann


gleisi_hoffmann_41Funil do crime – A situação da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) torna-se mais complicada com a nova acareação entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, marcada pelo Ministério Público Federal do Paraná para o próximo dia 22, em Curitiba.

Os dois delatores serão confrontados sobre doações para as campanhas de Dilma Rousseff (PT) e Roseana Sarney (PMDB-MA) em 2010. Há diferenças no depoimento de Paulo Roberto Costa ao qual Youssef diz desconhecer a operação. No entanto, em relação ao repasse de R$ 1 milhão para a campanha Gleisi em 2010 não há qualquer tipo de discordância.

Em depoimento na CPI da Petrobras, no dia 11 de maio, em Curitiba, o doleiro confirmou ter repassado R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010. Youssef disse que fez o repasse do dinheiro a pedido de Costa. “O doutor Paulo Roberto Costa disse que Paulo Bernardo pediu R$ 1 milhão para a campanha de Gleisi. Me deu um número de telefone para repassar o dinheiro”, disse Youssef. Costa confirmou a versão de Youssef.

Gleisi Hoffmann já é investigada no Supremo Tribunal Federal (STF) por crime de corrupção passiva qualificada. A petista foi denunciada por receber dinheiro desviado da Petrobras, conforme apurou a Polícia Federal nas investigações da Operação Lava-Jato. O nome de Gleisi surgiu nas delações de Youssef e Paulo Roberto Costa, aprovadas pela Justiça Federal.

O dinheiro recebido por Gleisi, conforme aponta o doleiro, não consta da prestação de contas da petista na Justiça Eleitoral. O eventual crime praticado pela senadora paranaense, segundo o Ministério Público Federal, é tipificado no artigo 137 do Código Penal e prevê pena de reclusão de dois a 12 anos, além de multa. De acordo com o MPF, Gleisi faz parte do “núcleo político” da “organização criminosa complexa” que desviou dinheiro da estatal brasileira.

Sobre as campanhas de Dilma e Roseana Sarney, a principal divergência entre os dois refere-se ao envolvimento dos ex-ministros Antonio Palocci Filho (PT-SP) e Edison Lobão (PMDB-MA). Enquanto Costa diz que, em 2010, mandou Youssef entregar R$ 2 milhões a Palocci para a campanha de Dilma e outros R$ 2 milhões para Roseana, a pedido do senador Lobão, o doleiro Youssef nega que tenha repassado o dinheiro tanto para Palocci quanto para Roseana.

A necessidade da acareação surgiu quando o jornal “O Estado de S. Paulo” divulgou, no último dia 27, um vídeo em que o doleiro Youssef aparece falando com procuradores e com o advogado Luis Gustavo Flores, que o representa. No vídeo, Youssef se mostra interessado em confrontar sua versão dada na delação premiada com a de Paulo Roberto Costa. Dirigindo-se a um procurador, o doleiro pergunta: “Não quer ver aquelas discrepâncias com aqueles depoimentos do Paulo Roberto?”

O procurador discutia a suposta doação de R$ 2 milhões pedida por Antonio Palocci para a campanha de Dilma em 2010. Youssef garantiu que Palocci nunca o procurou para pedir o dinheiro, enquanto que Paulo Roberto Costa garantiu em seu depoimento que mandou Youssef repassar R$ 2 milhões para Palocci destinar à campanha de Dilma. “Eu acho que o Paulo se equivocou e se os doutores acharem necessário a gente ter uma conversa juntos, estou à disposição”, diz Youssef no vídeo.

Nesse ponto, um procurador ainda não identificado diz: “Esse é o tipo de coisa que quanto mais mexe, pior fica”. Outra pessoa diz: “É a teoria da bosta seca. Mexeu, fedeu”. Quem teria dito a frase foi o advogado de Youssef, Luis Gustavo Flores.

O chefe do escritório de Flores, Antonio Figueiredo Basto, acha desnecessária a acareação. “Não vamos comentar mais esse assunto. Está marcada a acareação e vamos fazê-la. Mas acho desnecessário. Está mais do que comprovado que tanto o Paulo Roberto Costa quanto o Alberto Youssef deram elementos de provas sobre o esquema de corrupção na Petrobras, inclusive com documentos. Não foi feita uma colaboração só com base em depoimentos. Agora, contradições sempre acontecerão. E isso até confirma que não houve nenhuma armação entre os dois para prejudicar ou favorecer quem quer que seja”, disse Figueiredo Basto.


Quanto ao fato de Costa ter dito que mandou Youssef dar R$ 2 milhões para Roseana Sarney em 2010, a pedido do senador Edison Lobão, o Youssef diz que é provável que o ex-diretor da Petrobras pode tê-lo confundido com outro doleiro.

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