Milton Pascowitch é preso pela PF
(Luiz Carlos
Murauskas/Folhapress)
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O empresário Milton Pascowich, preso
na 13ª fase da Operação Lava Jato, enviou dinheiro para o
ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque mesmo após o início das
investigações do petrolão no ano passado. O pagamento de propina foi camuflado
como prestação de serviços entre as empresas Jamp, de Pascowich, e D3TM, de
Duque. Houve também a compra de obras de arte, a preços que chegaram a 400.000
reais, como complemento ao pagamento de propina ao ex-diretor da estatal.
Ligado ao ex-ministro mensaleiro José Dirceu, Pascowich já era
investigado pelo Ministério Público por indícios de que a empresa de fachada
Jamp era usada para lavar dinheiro do escândalo do petrolão.
Na 11ª fase da Lava Jato, os investigadores chegaram a pedir a prisão
de Pascowich, mas o juiz Sergio Moro negou por avaliar, na época, que os
indícios de participação do operador estavam baseados principalmente na delação
do ex-gerente de Serviços Pedro Barusco.
Desta vez, no entanto, foi possível mapear que Milton Pascowich
continuava praticando os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. "A
Jamp prestava serviços para a Engevix, um serviço de monitoramento. Milton
alegava que prestava serviços genéricos para a D3TM [de Renato Duque] e
realmente não existe prestação de serviços", disse o procurador Carlos
Fernando Lima, da força tarefa do Ministério Público. "Temos a reiteração
criminosa e não temos duvida de que isso será objeto de uma ação penal próxima.
Temos claramente a ideia de que vai ser feita uma denúncia sobre os fatos.
Houve reiteração de corrupção ativa mesmo depois da Lava Jato", completou
ele.
Renato Duque, que está preso em Curitiba, guardava o dinheiro de
propina no exterior. Nas contas da D3TM Consultoria e Participações, foram
encontrados cerca de 140.000 reais. Os maiores valores, porém, foram detectados
nas contas da Hawk Eyes Administração de Bens (6,5 milhões de reais) e da
Technis Planejamento e Gestão em Negócios (2 milhões de reais).
Dirceu - Em depoimento ao juiz Sergio Moro, o
vice-presidente da Engevix Gerson Almada havia relatado que o ex-ministro da
Casa Civil José Dirceu fazia "lobby internacional" em nome da
empreiteira e que Milton Pascowitch atuava como mediador das "relações
partidárias" da empresa. A Engevix pagou mais de 1 milhão de reais à JD
Consultoria. De acordo com Almada, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto,
preso na fase anterior da Operação Lava Jato, e o próprio Pascowitch pediram
que a empresa fizesse doações a petistas.
Como Milton Pascowich é ligado ao ex-ministro José Dirceu, o Ministério
Público e a Polícia Federal continuam investigando a atuação do petista no
escândalo do petrolão. "Existe este fato, das consultorias supostamente
prestadas, que está sob investigação de Dirceu. Gerson Almada confirma que
contratou o Pascowich para fazer lobby na diretoria de Serviços da Petrobras e
perante a diretoria de Serviços e o PT", disse o procurador Carlos
Fernando Lima. "O que eles chamam de lobby a gente chama de
corrupção", resumiu hoje o procurador Carlos Fernando. completou o
representante do MP.
Ao cumprir mandados de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira,
policiais federais encontraram 60 obras de arte, sendo 40 na casa do irmão de
Pascowich, José Adolfo. Ele prestou depoimento e foi liberado. Foram
apreendidos três carros de Milton Pascowich - um Audi, uma Land Rover Evoque e
uma BMW.
O operador Henry Hoyer, cistado como sucessor do doleiro Alberto
Youssef no esquema de propina do PP na Petrobras, prestou esclarecimentos aos
policiais nesta quinta-feira, mas acabou preso porque a Polícia Federal
encontrou na casa dele três armas sem registro e munição de uso restrito.
Hoyer é peça-chave na nova fase da Operação Lava Jato porque é mais um
personagem ligado a políticos que podem ter sido beneficiados pelo propinoduto
na Petrobras. Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão em dois imóveis.
Para garantir que não houvesse questionamentos sobre esta fase das
investigações, nem o MP nem a Polícia Federal utilizaram como embasamento para
o mandado o fato de o operador ser apontado como titular de contas bancárias no
HSBC da Suíça, alvo do escândalo conhecido como Swissleaks. "Não
descartamos nenhuma das hipóteses de que ele tenha ou não contas no exterior.
Mas não usamos nesse momento nenhum dado do HSBC para evitar questionamentos
sobre legalidade das investigações", disse o procurador.
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