quinta-feira, 12 de março de 2015

Dilma muda agenda para receber Toffoli, sinal de que uma reprise do Mensalão pode estar a caminho



dias_toffoli_12Muito estranho – Tem algo muito mais estranho nos bastidores do poder do que imaginam os brasileiros. Enviada ao Supremo Tribunal Federal, a lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot Monteiro de Barros, com nomes de políticos supostamente envolvidos no Petrolão, o maior escândalo de corrupção de todos os tempos, é no mínimo suspeita. Há nomes de políticos sem qualquer envolvimento com o imbróglio, assim como faltam os de culpados que escaparam da mira.

Se por um lado Janot enxerga possibilidade de culpa por parte de alguns políticos, por outro o procurador-geral deixa de fora da lista figuras ilustres do poder central, como Luiz Inácio da Silva, José Dirceu e Ideli Salvatti, por exemplo, todos citados pelo doleiro Alberto Youssef e por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, nos depoimentos de delação premiada.

Esse tipo de análise, marcada por dois pesos e duas medidas, encontra resposta no encontro secreto ocorrido entre Janot e o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, em Buenos Aires. O procurador de chofre negou o encontro, que acabou confirmado por Cardozo. Ou seja, essa reunião misteriosa embalada pelos ares portenhos serviu para algo, que ainda merece explicação.

Em entrevista concedida na terça-feira (10), Rodrigo Janot afirmou que seu gabinete sempre esteve de portas abertas para receber “quem quer que seja”, pessoas dispostas a questões institucionais e profissionais. O procurador garantiu que esses encontros no gabinete jamais interferiram em suas decisões. A Janot, assim como a qualquer brasileiro, é devido o direito constitucional de livre manifestação do pensamento, mas não se pode dar crédito pleno a uma declaração dessa, considerando o cenário atual.

As suspeitas de que uma enorme e mal cheirosa pizza está a caminho ficaram ainda maior com a decisão da presidente Dilma Rousseff, que desde o início sabia do esquema de corrupção que funcionava na Petrobras, de alterar a agenda desta quarta-feira (11) para receber, em palácio, o ministro José Antônio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. Com conhecimento jurídico insuficiente inclusive para ser um rábula de lupanar, Toffoli teve seu pedido de migração para a 2ª Turma do STF aceito pelo presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski.

A 2ª Turma do STF está incumbida de julgar todos os processos decorrentes da Operação Lava-Jato, mas até a terça-feira contava com apenas quatro integrantes, por causa da demora da presidente da República para indicar alguém que ocupe a vaga deixada por Joaquim Barbosa. Com a migração, Toffoli será o presidente da 2ª Turma e, ato contínuo, comandará os trabalhos referentes ao Petrolão.

Ao longo do julgamento da Ação Penal 470 (Mensalão do PT), Toffoli, que deveria ter se declarado impedido, mostrou a que veio e no plenário da Corte atuou como advogado de defesa de mensaleiros petistas, não como ministro da mais alta instância do Judiciário nacional.

É importante que os brasileiros de bem fiquem atentos aos próximos capítulos da Operação Lava-Jato no STF, pois pedidos de investigação sem embasamento convincente podem colocar a perder anos de investigação da Polícia Federal.


É sempre bom lembrar que as primeiras denúncias sobre o esquema de corrupção que culminou na Lava-Jato foram feitos, em 2009, pelo editor do UCHO.INFO, jornalista Ucho Haddad, e pelo empresário Hermes Magnus. Ambos, Haddad e Magnus, atualmente pagam um preço muito caro pela decisão de querer o melhor para o Brasil.

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