Por Reinaldo Azevedo
Vejam esta foto, que me foi enviada por um amigo. Desconheço
o autor. Se quiser se identificar, é só mandar uma mensagem para o blog.
Não poderia haver retrato maior da perdição em que se meteu
o petismo. Desde que o partido foi criado, nunca o vi cometer tantos erros em
série. Com essa tropa de trapalhões, Dilma está lascada. Mas como ignorar que é
ela a chefe? Como vocês veem acima, um grupo de negros — tudo indica se tratar
de uma família — faz troça da máxima veiculada nas redes sociais pelo PT e por
seus asseclas no subjornalismo: só a elite branca teria disposição para ir às
ruas. Bem, como eles são obviamente negros e como estão protestando contra
Dilma, então passam a ser, segundo critérios petistas, elite branca.
O PT e o governo demonstraram, mais uma vez, na noite de
ontem, que não estão entendendo nada. Isso, sim, é perigoso, não a população
pacífica nas ruas. Mal os protestos haviam terminado, os ministros José Eduardo
Cardozo, da Justiça, e Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência,
concederam uma entrevista coletiva. Não foi veiculada em rede nacional. Mesmo
assim, ouviu-se um várias cidades do país um panelaço semelhante àquele do dia
8 de março, quando Dilma foi a TV sob o pretexto de homenagear as mulheres.
Apresento a Miguel Rossetto três perigosas golpistas da
elite branca, de olho azul…
Governo está perdido! (Foto: Beto Ribeiro)
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Com ar deprimido, visivelmente perdido, Cardozo anunciou que
o governo pensa num pacote de medidas contra a corrupção. Dilma prometeu o
mesmo em 2013. Mas não ficou por aí: apontou a reforma política como a cura dos
males. Segundo os ministros, é preciso acabar com a doação de empresas privadas
a campanhas políticas — talvez a ideia mais estúpida e malandra do petismo.
O tom de Cardozo em relação às manifestações mudou. Segundo
disse, não viu golpismo, não. Aí foi a vez de Miguel Rossetto barbarizar. Para
o ministro, “os protestos ocorridos hoje são de setores críticos ao governo, e
seguramente essa participação parece ser de eleitores que não votaram na
presidente Dilma”. É a tese cretina do terceiro turno. Rossetto, que certamente
não estava nas ruas, chamou de golpista, sim, a defesa do impeachment de Dilma.
Membro de uma corrente de esquerda do PT chamada “Democracia Socialista”, o
ministro certamente nunca viu o povo de verdade, sem o pedigree ideológico da
sua turma.
Dia desses, Renan Calheiros disse que o governo tinha
envelhecido precocemente. Pode ser. Mas velho mesmo, de verdade, é o PT. Nas
ruas, havia pobres, ricos, gente de classe média. Lá estavam negros, brancos,
mestiços. Protestavam mulheres e homens, homo e heterossexuais, adultos, jovens
e muitas crianças acompanhando os país. O repúdio ao governo petista os unia a
todos.
A entrevista, que deveria servir como uma bandeira branca,
uma tentativa de aproximação, teve efeito contrário: panelaço, buzinaço, gritos
de “Foraaa!”. Ou por outra: Dilma ajudou a convocar a manifestação deste
domingo com o seu desastrado pronunciamento do dia 8. Os dois ministros
praticamente marcaram um novo protesto.
Pior: a tese da reforma que os dois abraçaram na entrevista
não conta com o apoio do PMDB, seu maior aliado. Eu me pergunto que espírito
soprou aos ouvidos de Dilma e de seus homens fortes que a entrevista coletiva
era uma boa ideia. O bom senso estaria a indicar que o governo deveria, no
máximo, ter lido uma nota curta, parabenizando os brasileiros pela manifestação
ordeira e pacífica, reiterando que está empenhado em combater a corrupção e
reconhecendo que existem motivos para descontentamento. E pronto.
Rossetto, com cara e discurso de descontrolado, e Cardozo, o
deprimido: a entrevista serviu
para piorar um pouco as relações com a população
e também com o PMDB. Obra de gênios.
Não é fácil fazer as duas coisas ao mesmo
tempo.
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Seria um sinal de humildade no dia em que dois milhões
tomaram as ruas, segundo dados das Polícias Militares. Mas não! O que se viu
foi um atestado de prepotência e de hostilidade com os manifestantes —
refiro-me a Rossetto nesse particular. Pior: o governo, que também é do PMDB,
oferece como resposta uma saída que não conta — e ainda bem que não! — com o
apoio do… PMDB!
A Folha informa que Dilma desabafou com um assessor: “Eu não
contribuí para isso tudo e levo a culpa”. Pois é… Digamos que assim fosse.
Quem, então, contribuiu, presidente? De quem é a culpa?
Está tudo errado! Mas é evidente que a presidente não tem
motivos para seguir os meus conselhos, não é mesmo? Para piorar, a rede petralha,
incluindo os blogs sujos, faz uma pregação abjeta e odienta na Internet, como
se isso fosse resolver alguma coisa. Piora tudo.
O PT não entendeu nada. Perdeu o discurso. Perdeu as ruas.
Perdeu a hegemonia nas redes sociais. Perdeu o rumo. Isso, sim, é um tanto
perigoso. Nessas condições, tende a fazer ainda mais bobagens. A entrevista da
dupla serviu para piorar um pouco mais a relação do governo com a população e
com o PMDB. É obra de gênios. Não é fácil fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
Publicado originalmente no Blog do Reinaldo Azevedo – VEJA
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