Por Gen Clovis Purper Bandeira
Em geral, na matemática a letra X representa a incógnita, o
valor que deve ser calculado para resolver o problema. Daí, a expressão “o X do
problema”, bem antiga e que rendeu até mesmo um belo samba de Noel Rosa.
O que atrai a nossa atenção hoje, no entanto, não é a rica
expressão acima citada, mas, sim, o problema do X.
Há dois meses atrás, ao assumir seu segundo mandato, a
avaliação da popularidade de Dilma Roussef era: ótimo/bom – 42%; regular – 33%;
ruim/péssimo – 24%. Passados dois meses, em fevereiro de 2015, os números são:
ótimo/bom – 23%; regular – 33%, ruim/péssimo – 44% (Datafolha).
Olhando os dados em forma gráfica, temos:
Este é que é o problema do X.
A avaliação da popularidade da presidente despencou em dois
meses. Para quem está apenas começando o segundo mandato, isso é desastroso. Os
próximos quatro anos de governo serão uma luta constante para retomar o
crescimento da avaliação ou, pelo menos, estancar a decadência.
Na política norte-americana, o presidente que se encontra
nessa situação, o que ocorre quase sempre em fim de mandato, é chamado “lame
duck”, ou seja, pato manco, que está sujeito a ser abatido facilmente.
Percebendo a vulnerabilidade da presidente, que já ficara
evidente nas recentes eleições, que venceu por margem mínima apesar de todas as
mentiras, manobras indecorosas e do uso total da máquina pública em benefício
de sua candidatura, a oposição e muitos companheiros de viagem na aventura
eleitoral de 2014 já falam abertamente em seu impedimento, explorando ainda seu
incontestável envolvimento no escândalo do petrolão.
As manobras do planalto para evitar a associação da
presidente ao escândalo financeiro que enlameou e feriu gravemente a Petrobras
são cada vez mais desesperadas. Como, porém, excluí-la do rol dos envolvidos
se, no período da roubalheira mais intensa ela foi Presidente do Conselho de
Administração da Petrobrás, Ministra de Minas e Energia, Chefe da Casa Civil da
Presidência e Presidente da República? Como desvinculá-la, se permitiu ou ajudou
seu partido a aparelhar a diretoria da petroleira com membros desqualificados,
cuja única missão era desviar recursos da empresa, via empreiteiras, para os
cofres dos partidos e os bolsos dos políticos?
O problema do X tira o sono da presidente, do PT e dos
marqueteiros que procurarão contorná-lo, embora a credibilidade dos mesmos
esteja seriamente comprometida pela evidência das mentiras de que lançaram mão
para obter a reeleição. Eles o merecem.
Os injustiçados, enganados e roubados somos, como sempre,
nós, os que perdemos o sono com o crescimento da inflação, o perigo do
desemprego rondando a porta das empresas, a disparada dos preços represados
para fins eleitoreiros, o crescimento nulo dos índices econômicos e a pecha de
palhaços iludidos com facilidade, pois acabamos de reeleger a corja. Também
merecemos.
Publicado originalmente no site do Clube Militar
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Gen Clovis Purper Bandeira é o editor de Opinião do Clube
Militar
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