sábado, 21 de fevereiro de 2015

O Carnaval Pragmático

Por Paulo Roberto Gotaç
 
Por mais que se queira, é quase impossível dissociar o carnaval da Beija flor, tecnicamente impecável, do enredo por ela escolhido que, talvez involuntariamente, serviu para promover um governo despótico e sanguinário, o da Guiné Equatorial, que teria, segundo fortes rumores, patrocinado a pompa e o luxo ostentados no desfile.

O país é, por outro lado, um dos mais pobres do mundo, vivendo seu povo  abaixo da mais humilhante linha de miséria e subjugado por ditadores há mais de 35 anos no poder, proprietários de várias mansões mundo afora e titulares de polpudos ativos financeiros aninhados em alguns dos inúmeros paraísos fiscais espalhados pelo planeta.

Os carnavalescos e dirigentes da agremiação, apressaram-se em afirmar que o dinheiro proveio de empreiteiras com interesses na Guiné e não dos seus cofres públicos, o que não alivia a sensação de pragmatismo indecente vislumbrado pelos donos da Escola, aquele que justifica qualquer postura - o vale tudo- e que sublinhou a diplomacia praticada pelo PT ao longo da execução de uma política externa que, afinal, não redundou em benefício para o progresso das transações comerciais, mas tirou o Brasil dos fluxos de riqueza, culminando com o estigma criado pelo melancólico apelido de" anão diplomático"

Por mais que se admire e se apoie a maior festa popular do mundo, há que serem observados por parte dos organizadores alguns limites quanto às homenagens, para que sejam evitados no futuro lembranças como a do nazismo ou do estado islâmico, por exemplo, temas capazes de, nas mãos de competentes coreógrafos, produzirem desfiles também perfeitos.


Publicado originalmente no site Alerta Total 


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Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.

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