Por Augusto Nunes
Trinca de pecadores: a sucessora que se imagina Filha do
Mestre,
o marqueteiro que se considera porta-voz do Espírito Santo
e o farsante
que se promoveu a Messias
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A economia está fazendo água — e, desde o tempo das
cavernas, é quando ela bate na linha da cintura que o homem começa a nadar. O
pibinho vai descendo a níveis siberianos, a inflação mesmo maquiada rompe a
fronteira dos 7%, o dragão domesticado pelo Plano Real soluça nas cercanias dos
dois dígitos. O rombo nas contas públicas é de assustar esquerdista grego, os
juros sobrevoam a estratosfera, o desemprego cresce, a alta do dólar escancara
a desconfiança mundial no Brasil.
O que Dilma faz para escapar do afogamento nessas cataratas
de trapalhadas e más notícias? Procura afinar-se com Joaquim Levy? Esforça-se
para aprender alguma coisa com o ministro da Fazenda fustigado pela idiotia do
PT, pela ganância da base alugada, por “movimentos sociais” atolados no século
19, pela sede dos ministros que bebem verbas? Nada disso.
A supergerente de araque limita-se a pedir conselhos a Lula
e encomendar ideias a João Santana.
O edifício lulopetista
está sitiado por rachaduras internas e fraturas expostas nos alicerces.
A bancada fiel a Dilma na Câmara é insuficiente para eleger um vereador de
grotão. No Senado, os contratos com o grupo de Renan Calheiros são tão
confiáveis quanto os prazos do PAC. A geleia geral que os colunistas
estatizados qualificam de “núcleo duro”do segundo mandato é outra reedição
piorada dos Três Patetas.
Depois de ter montado o pior ministério da história, a
doutora em nada faz o que pode para tornar ainda mais medonho o segundo
escalão. As crias da Era da Mediocridade são incapazes de caminhar e mascar
chiclete ao mesmo tempo. Nenhum interlocutor que tenha algo de útil a dizer tem
tempo a perder com a mulher que fala dilmês. Não há sinais de vida inteligente
no Palácio do Planalto. Diante disso, o que faz o neurônio solitário?
Encomenda ideias ao padrinho e pede conselhos ao marqueteiro
do reino.
A pesquisa do Datafolha reafirmou a trágica
contemporaneidade da lição ministrada por Mário de Andrade, há quase 90 anos,
pela boca do personagem Macunaíma: “Muita saúva e pouca saúde os males do
Brasil são”. Para os entrevistados, o segundo maior problema do país é a
corrupção amamentada pelo Planalto. O ranking dos tormentos nacionais continua
liderado pelo sistema de saúde que Lula, cliente VIP do Sírio Libanês,
qualificou de “perto da perfeição”.
Perto da perfeição chegaram, isto sim, as saúvas de
estimação cevadas desde o dia da posse pelo chefe-supremo de todas as
bandalheiras. Os liberticidas larápios perderam a compostura em Santo André,
perderam o juízo no Mensalão, perderam a vergonha no Petrolão. Em parceria com
Dilma, Lula transformou o Brasil Maravilha num viveiro de quadrilhas impunes.
Todas roubaram muito. Nenhuma roubou tanto quanto a desbaratada pela Operação
Lava Jato, devassada por procuradores federais e exemplarmente enquadrada pelo
juíz Sérgio Moro.
O roteiro reescrito pelas investigações está chegando ao
climax. José Dirceu (codinome Bob) e Antônio Palocci, por exemplo, acabam de
entrar em cena. É iminente a subida ao palco do astro principal. Se não fosse
tão indigente o material aproveitável na cabeça baldia de Lula, se Dilma ao
menos suspeitasse da própria mediocridade, se Santana conhecesse o limite da
bandalheira, os três estariam cruzando madrugadas insones desde a publicação da
pesquisa.
O Datafolha traduziu em algarismos e índices o retrato
dramaticamente revelador esboçado pelas urnas de outubro. A presidente se
reelegeu a bordo das tapeações de mágicos de picadeiro, nas falácias dos
coronéis com topete implantado, nas vigarices e violências colecionadas pelas
diversas ramificações que compõem o Grande Clube dos Cafajestes no Poder. Em
pouco mais de um mês, o coro dos contentes ficou afônico, os truques deixaram
de funcionar, a taxa de popularidade de Dilma foi devastada pelo raquitismo
irreversível.
A rainha de João Santana está nua. Dilma é considerada falsa
por 47% dos brasileiros, desonesta por 54% e indecisa por 50%. Para 52%, a
presidente sabia da corrupção na Petrobras e deixou que ela ocorresse.
Confrontada com tantas estatísticas pressagas, o que faz a chefe de governo?
Tenta tomar distância dos delinquentes irrecuperáveis? Esquece no guarda-roupa
as fantasias esfarrapadas?
Nada disso. Chama para encontros a sós os comparsas de
sempre e gasta horas em sussurros com equilibristas manuetas, contadores de
lorotas sem vagas sequer em mesa de botequim, vigaristas incapazes de renovar o
estoque de embustes. O Brasil está mudando. Os velhacos só ficaram mais velhos.
Lula segue recitando declarações de guerra à misteriosa entidade que batizou de
“eles”. Dilma vislumbra imperialistas americanos por trás da ladroagem na
Petrobras. João Santana delira (e enriquece) fundando pátrias educadoras.
Nenhuma farsa dura para sempre. Em parceria, Lula e Dilma
enganaram milhões de paspalhos com o país autossuficiente em petróleo que importa
um oceano de barris por ano, com as colossais jazidas do pré-sal que continuam
nos abismos do Atlântico, com a nação que apesar da erradicação dos miseráveis
tem andrajos hasteados em todas as esquinas, fora o resto. A terra dos abúlicos
está farta de tanto cinismo.
O palanque ambulante está desgovernado. Dilma é só um poste
instalado no Planalto para fazer o que o mestre mandar. Os mais de 51 milhões
de brasileiros que votaram contra o PT riscaram um ponto de não-retorno. Dilma
já completou seis semanas de mudez (e já faz alguns anos que não diz coisa com
coisa). Lula posa de campeão das urnas sem jamais ter vencido uma eleição
majoritária no primeiro turno.
Desde aquela vaia que estrugiu no Maracanã na abertura do
Pan-2007, o único líder de massas que tem pavor de multidão só se apresenta
para plateias amestradas. Se a candidatura prometida para 2018 for para valer,
vai descobrir um país sem parentesco com o inventado pelo recordista mundial de
bravata & bazófia. Durante a campanha, por exemplo, os entrevistadores já
não poupam espertalhões. O que dirá sobre o Caso Rose? E sobre o Petrolão? Se
balbuciar que nada viu e nada sabe, será desmoralizado pela gargalhada
nacional.
Dilma, Lula e Santana não deveriam continua perdendo tempo
com essas trocas de ideias que não têm. A trindade nada santa faria um favor a
si própria se saísse à caça de álibis que até agora não há.
Fonte: VEJA/Direto Ao Ponto
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