quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

BISPOS CATÓLICOS DA VENEZUELA DENUNCIAM MARXISMO

Por Emilio J. Cárdenas


Os Bispos venezuelanos assinalam especificamente o marxismo como responsável pela profunda crise em seu país

As pessoas dedicam - diariamente - horas intermináveis simplesmente para fazer fila. Não tem outro remédio. A alta constante dos preços gerada por uma inflação que é desbocada e supera 60% anual e a necessidade obrigam. E está abertamente desconforme.

Por isto a popularidade do ineficiente - e primitivo - Nicolás Maduro está no chão. De onde nunca deveria sair, presumivelmente. Ao menos a estar aos dados que nos fornece algo tão indiscutível como é a realidade. Ocorre que obviamente Maduro carece certamente de capacidade para governar. O que já é impossível de esconder. Apesar de seu grotesco aspecto de matador.

Está na hora de procurar as razões do ocorrido. E de tirar conclusões, para evitar que o desgaste se repita. Na Venezuela ou em outros lares. A Igreja Católica, o exército do Papa Francisco, acaba de falar. E é tempo de fazer conhecer sua posição. De difundi-la aos quatro ventos. Porque é inequívoca e valente.

Para a Conferência Episcopal Venezuelana, em uma exortação que se intitulou “Renovação ética e espiritual frente à crise”, é hora de deixar de lado “concepções ideológicas rígidas e fracassadas, assim como o afã de controlar tudo”.

Seu porta-voz, Monsenhor Diego Padrón, acrescentou que é necessário dar “segurança jurídica e fomentar empresas eficientes”. Porque o que sucede, nos dizem os valentes prelados venezuelanos, “é conseqüência de impor um sistema político-econômico de corte socialista, marxista ou comunista”, e de “atentar contra a liberdade e os direitos das pessoas e associações”. Julgamento claríssimo, por certo. E muito certeiro, por demais.

Para os bispos, que representam o Papa Francisco, é necessário dialogar. O que é distinto de conversar. Porque o diálogo deve produzir mudanças que superem as angústias e os padecimentos dos venezuelanos. Enquanto, lembram-nos, se respeitam os direitos humanos e se descarta a violência. Libertando, acrescentam, os presos políticos que os autoritários - que se auto-definem como “bolivarianos” - mantêm nos cárceres do país caribenho. E não usar o sistema judicial submisso ao poder para amedrontar e inabilitar - perversamente - os adversários políticos. Ao que acrescentam que também é necessário respeitar a liberdade de expressão e a existência de meios independentes, coisas que Maduro e os seus não fazem, segundo é evidente. Para os bispos, o cenário do diálogo está pronto. É o Congresso da Nação. A Assembléia Nacional da Venezuela.

Para encerrar, os bispos repudiaram as recentes designações judiciais do governo de Maduro, nas quais só se designam submissos, sem respeitar a pluralidade política do país, nem as idéias dos demais, que hoje deve-se ter por majoritárias, desde que Maduro só tem o favor de 24% dos venezuelanos. Nada.

Alertas pelas respostas do governo, que costumam ser arteiras, esclareceram que é seu dever falar por sua proximidade com um povo que sofre e pela missão pastoral que têm, que os impulsiona a ser “promotores da dignidade humana e da paz”.

A valentia dos bispos venezuelanos deve ser aplaudida. A certeza de seu pensar também. Por isto fazemos eco de suas palavras, que encerram a verdade que os companheiros de viagem dos bolivarianos se empenham em ocultar ou dissimular.

Tradução: Graça Salgueiro

Publicado originalmente no site Papéis Avulsos - Heitor de Paola


________________
Emilio J. Cárdenas é ex-embaixador da República Argentina nas Nações Unidas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário