Preocupado com a pressão política que parece se intensificar
sobre as investigações da Operação Lava Jato, o presidente da Associação dos
Magistrados Brasileiros (AMB), João Ricardo Costa, encaminhou hoje (19) um
pedido de audiência ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Costa deverá
propor uma varredura na gestão das empreiteiras citadas.
“O Judiciário precisa conduzir esse processo e avançar com
independência no combate à corrupção e à impunidade. A Operação Lava Jato
trouxe fortes indícios de que muitas dessas empreiteiras que estão sendo
investigadas atuam como verdadeiras organizações criminosas cartelizadas que
estão saqueando os cofres públicos há anos. É necessário que o Executivo
promova uma investigação profunda, além das denúncias da Petrobras”, defende.
Costa avalia, ainda, a postura dos advogados de defesa dos
acusados na Operação, ao solicitarem audiência com ministro. “É fundamental
para a democracia que os advogados atuem na amplitude das suas prerrogativas,
de forma incondicional. Porém, estas mesmas garantias devem ser exercidas
dentro de um conceito radicalmente republicano. Neste caso específico, a
conduta dos advogados induz em uma atuação voltada para pressionar o uso do
poder político sobre o Judiciário”, afirma.
O presidente da AMB defende o Poder Judiciário como
instância para o exercício da ampla defesa, já devidamente estruturado para
recepcionar todo e qualquer pleito em relação ao caso. “Para cada decisão da
Justiça, contamos com infindáveis recursos. O que não podemos admitir é a
tentativa de pressionar o Poder Judiciário e os juízes que atuam no processo,
muito menos qualquer conduta que tente desqualificar o magistrado que preside as
investigações em questão”, alerta Costa.
Publicado originalmente no site da ANB - Associação dos Magistrados Brasileiros
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