sábado, 31 de janeiro de 2015

Desafios aos novos comandantes

Por Luiz Eduardo Rocha Paiva
Em fevereiro assumem os novos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, sobre quem recaem, entre outros, dois relevantes desafios. No âmbito da defesa da Pátria, o desafio é implantar e garantir a continuidade do projeto de dotar o Brasil de Forças Armadas (FA) com capacidade de dissuasão extrarregional. Isto é, FA não necessariamente no nível das que dispõem as potências globais, mas em condições de lhes causar danos irreparáveis se ameaçarem interesses vitais do País.

Esse desafio só será vencido se for desenvolvido um Sistema Conjunto de Defesa Antiacesso, projeto de longo prazo que depende de investimentos elevados e permanentes no aprestamento das FA, indústria de defesa e pesquisa e desenvolvimento científico-tecnológico com alto grau de autonomia. Tal sistema é composto por subsistemas de mísseis balísticos e de cruzeiro de longo alcance (inclusive antinavio), de defesa antiaérea, de guerra cibernética, de vigilância e contravigilância e de forças conjuntas de pronto-emprego móveis e letais. Seu propósito é neutralizar uma força agressora ainda longe do litoral ou da fronteira oeste. O risco de pesadas baixas antes do choque entre forças terrestres enfraquecerá o apoio internacional e o interno no país agressor, configurando a dissuasão extrarregional sem armas de destruição em massa. O atual Plano de Articulação e Equipamento de Defesa não estabelece a integração dos projetos estratégicos de cada Força num sistema único como o mencionado.

O óbice mais relevante pode ser explicado por meio de analogia com a lei da oferta e da procura. Se no contexto internacional (mercado) um país não tem ameaças concretas, ou seja, tem uma ampla oferta de paz e resolve contenciosos sem conflitos armados, a procura por meios de defesa terá baixa prioridade, sendo mínimos os investimentos correspondentes. Assim, as FA precisam convencer a sociedade da existência de ameaças potenciais - e elas existem -, a fim de mostrar que a oferta de paz conferida hoje pelo mercado não será perene e sua escassez, num momento futuro, não será sanada oportunamente pela procura, pois defesa não se improvisa. Sem mentalidade de defesa, as FA continuarão sendo desviadas para missões secundárias, perdendo a identidade, o espírito guerreiro e o aprestamento para a defesa da Pátria.

O segundo desafio decorre do contexto político nacional e de seus reflexos no futuro das FA. O partido do governo (PT) e seus aliados radicais pretendem implantar um regime socialista, atuando sob a orientação do Foro de São Paulo e empregando o Programa Nacional de Direitos Humanos, estratégia gramscista para se perpetuarem no poder. O programa propõe, sob o véu da defesa dos direitos humanos, a criação de espaços de participação e controle social nos Poderes Judiciário e Legislativo, no Ministério Público e nas Defensorias, bem como o cerceamento da liberdade de imprensa. O Decreto n.º 8.243/2014, ainda não derrubado no Senado, abriu tais espaços ao criar conselhos populares a serem aparelhados pelo PT para impor sua hegemonia à sociedade, objetivo declarado na resolução política emitida pela comissão executiva nacional do partido no final de 2014. O Executivo promove o enfraquecimento do Legislativo e do Judiciário, desequilibrando os Poderes da União, alicerces da democracia.

As FA são um óbice ao projeto socialista, daí a permanente campanha para desgastá-las, a ser intensificada a partir do relatório faccioso da Comissão da Verdade, pois sua imobilização é fator essencial de êxito do projeto. A liderança petista e seus aliados tentam cindir a ativa e a reserva militar; deturpar a história do período 1964-1985, satanizando as instituições militares; romper o compromisso das FA com sua história, suas tradições e seus chefes do passado, para convencer a Nação e a juventude militar do surgimento de novas FA e novos quadros profissionais, agora democráticos, e não ditatoriais e autoritários como no passado; e mudar o ensino castrense, inserindo a ideologia socialista nas escolas militares.

Mais que um desafio, trata-se de uma ameaça. No entanto, os novos comandantes e todos os oficiais-generais são da geração dos anos 1970 e início dos anos 1980, todos os oficiais e praças foram formados com base em valores éticos, morais e cívicos tradicionais. Comungam ideais pelos quais se dispõem a correr riscos, não se deixam enganar pelos relatórios e revisionismos facciosos da história, nem pela propaganda adversa, e não vão contaminar-se por antivalores materialistas, apátridas e antidemocráticos.

Para reverter a maliciosa campanha de desgaste as FA precisam adotar ações em reforço da autoridade moral da liderança militar, da autoestima e da coesão das Forças, evitando agravar divergências com poderosos segmentos adversos num primeiro momento. Daí, então, investir no contraditório, de modo a que sua história não seja desvirtuada por seus detratores. Até o momento não se reverteu a ameaça agindo com franqueza, mas dentro da cadeia de comando. O mais provável é que, em alguns meses, os comandantes vivam o dilema entre defender publicamente as instituições e, por extensão, a democracia ou permanecer inertes. É um dilema sem razão de ser, pois o silêncio causaria um dano irreparável à Nação e às instituições, estas, sim, e nesta ordem, credoras da lealdade do soldado. Será necessário manifestar-se de público, pedindo ou não exoneração antecipadamente, conforme a consciência indicar como condição para preservar a hierarquia e a disciplina. Aos membros dos altos comandos das FA, dando conhecimento antecipado à liderança política, cabe deixar clara sua lealdade às crenças, aos valores e ideais comuns e às instituições defendidas por seus comandantes. Seria criado um impasse indesejável? Sim, mas comandantes e cargos são passageiros e FA são permanentes.

"É uma bênção que em todas as épocas alguém tenha tido individualidade bastante e coragem suficiente para continuar fiel às próprias convicções" (Robert G. Ingersoll).

Publicado originalmente no site A Verdade Sufocada



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Luiz Eduardo Rocha Paiva é General da Reserva

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

TENHO NOJO! - Uma síntese à indignação

Por Waldo Luís Viana

O mantra talvez equivalente ao francesinho “Je suis Charlie”...

Tenho nojo
De ver meu país solapado por bandidos em todos os quadrantes, tranquilamente ciosos de que ficarão impunes;

Tenho nojo
Em abrir os jornais, ouvir rádio e ver televisão todos os dias e perceber a mídia valorizando a ação de criminosos, estupradores, serial killers, agiotas, traficantes e milicianos – todos irmanados proficientemente em emprestar a “audiência da desgraça” a esses veículos;

Tenho nojo
Desses políticos que resolvem visitar os sítios de enchentes e tragédias, trajando seus sapatos italianos e ternos franceses, desembarcando de helicópteros e prometendo verbas, mundos e fundos que jamais chegarão de fato aos desabrigados;

Tenho nojo
De nossa “presidenta”, ex-guerrilheira, lamentando farisaicamente a morte de inocentes em delitos terroristas, quando no passado os tramava, condenando outros inocentes e planejando tocaias, assaltos a bancos e a cofres privados de políticos;

Tenho nojo
Do antecessor da “presidenta”, um dos homens analfabetos mais venais e sem caráter desse país e das elites que o financiaram e que impedem a polícia de prendê-lo e pagar por seus crimes;

Tenho nojo
Do partido que está no governo, que só intenciona permanecer no poder, e a qualquer custo, manobrando o Erário, aparelhando as estatais e permitindo a pior onda de corrupção jamais vista nesse país;

Tenho nojo
De nossos empreiteiros, dinâmicos em aditivos, superfaturamentos e em bancar por propinas ocultas toda a máquina de corrupção que infesta a nossa miserável política;

Tenho nojo
Da maioria expressiva de nossos deputados, fiéis canalhas e vendedores de virtudes públicas, que só desejam fazer caixinha para as próximas eleições, roubando pra se eleger e se elegendo pra roubar;

Tenho nojo
Do chamado poder Judiciário, tão lento para fazer justiça aos pobres e lépido e compreensivo para julgar os ricos, permitindo toda a sorte de recursos e chicanas. Os togados adoram prender pretos, pobres e prostitutas, trabalhando em seus ricos palácios e conseguindo dormir sem culpa;

Tenho nojo
Desses pastores televisivos, travestidos de arautos de Deus e Jesus, ofendendo a fé pública, roubando os pobres através de dízimos e ofertas, além de oferecer a salvação a todos que acreditem que eles podem expulsar demônios. No entanto, eles são bastante coniventes e conformados com os demônios que mandam aqui, porque lhes dão benesses e concessões de TV e rádio em troca de votos;

Tenho nojo
Dos slogans mentirosos, lançados pelo governo, sugerindo a salvação da Pátria pela educação e saúde, quando sabemos que são ramos deficientes e vergonhosos de nossa Nação, desespero de seus habitantes e motivo de chacota pelas nações realmente desenvolvidas;

Tenho nojo
Dos militares da ativa, que dizem que amam o Brasil acima de tudo, mas ficam caladinhos e silenciosos, aguentando todos os estupros de gestão no país e em suas respectivas Armas, esperando ir para a reserva e aí, então, garantidos nas aposentadorias, ver devolvidos os próprios cérebros e convencer os pobres civis de que detêm alguma opinião e “acendrado” patriotismo;

Tenho nojo
De ver uma população conformada, a cada assassinato torpe, exigindo justiça para sair em telejornais, e aceitando todas as sevícias sem dar um pio, sempre esperando que surja um otário qualquer à frente de alguma revolta para oferecer o próprio pescoço e aguardando, como ovelhas, o próximo escândalo;

Tenho nojo
De ver o povo maltrapilha e tutelado, acreditando que é o bolsa-família a salvação de seus males e que qualquer coisa diferente do partido que está no governo lhes tomará de fato o pobre benefício;

Tenho nojo
De ser obrigado a ouvir, durante a semana, o pavoroso programa “A Hora do Brasil”, serviço chapa-branca do governo, ocupado em desfilar os feitos de ficção em que só os imbecis acreditam;

Tenho nojo
Dos jornalistas e artistas que se vendem em troca de dinheiro, distorcendo a realidade e se calando diante dos desmandos que desfilam sob seus olhos, em troca de viagens a Paris e moradia em prédios de luxo;

Tenho nojo
De nossos médicos burgueses, que só querem viver em centros urbanos e obter ganhos de clientes abonados e que permitem que o país seja invadido por escórias estrangeiras de falsos médicos;

Tenho nojo
De nossos advogados dinheiristas, que se especializam em defender delinquentes poderosos, em troca de polpudos honorários, porque na verdade não acreditam na Justiça, considerando-a apenas um objeto de lucro relativo;

Tenho nojo
Dos carcereiros de nossas penitenciárias que libertam os apenados nos fins de semana, desde que estes lhes tragam dinheiro e sustentem por fora uma cota extra;

Tenho nojo
Dos policiais que recebem propinas nos mais variados negócios escusos e que matam o pobre povo desvalido, registrando autos de resistência, na certeza de que escaparão ilesos e sem nenhum problema com as suas corregedorias;

Tenho nojo
Dos eleitores que aceitam dentaduras, pares de sapato e outros benefícios passageiros, vendendo o seu voto e o futuro de seus filhos. Essa escória, a propósito, adora corrupção, admira os políticos ladrões, lamentando não poder roubar com a mesma eficiência. A propósito, a corrupção está no DNA do brasileiro: quanto mais ladrão, mais querido;

Tenho nojo
Das mulheres que falam em eliminar agressões masculinas, reivindicam direitos e princípios feministas e aceitam de bom grado que suas companheiras vendam o corpo para utilização comercial e sonhem com casamentos milionários em troca da própria prostituição;

Tenho nojo
Dos homossexuais que pretendem que os heterossexuais não tenham direitos equivalentes e que no fundo desejam que todos adiram às suas práticas sodomitas;

Tenho nojo
De apresentadoras de programas infantis, que convidam crianças a se tornarem adultas antes do tempo e copiem a sensualidade dos adultos, destruindo a infância e o crescimento sadio de meninos e meninas;

Tenho nojo
Dos que alardeiam que roubam porque antes os outros fizeram o mesmo, como se um erro justificasse outro...

E, finalmente, TENHO NOJO de saber que esse país não tem conserto e que tudo vai ficar assim mesmo, sempre esperando a próxima atração.


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Waldo Luís Viana é escritor, poeta, jornalista e economista brasileiro


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A Verdadeira Comissão da Verdade

Por Jair Bolsonaro

Projeto de Lei 8246/2014: Cria a Comissão da Verdade (CV) no âmbito da Casa Civil da Presidência da República.

O Congresso Nacional decreta:

Art. 1º É criada, no âmbito da Casa Civil da Presidência da República, a Comissão da Verdade (CV), com a finalidade de examinar e esclarecer fatos e graves violações de direitos humanos praticados no país, não avaliados pela Comissão instituída pela Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011, a fim de efetivar plenamente o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional.

Art. 2º A CV, com membros designados pelo Presidente da República, será composta prioritariamente pelos integrantes da Comissão instituída pela Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011 e, em caso de recusa ou impossibilidade, por integrantes nas mesmas condições estabelecidas para aquele colegiado.

Art. 3º A CV deverá apurar e esclarecer:
I – o sequestro, tortura e execução do então prefeito de Santo André – SP, Celso Daniel, em 18 de janeiro de 2002, que segundo relatos, extorquia dinheiro de empresas de ônibus para a campanha presidencial do Partido dos Trabalhadores;

II - o atentado do Aeroporto Internacional do Recife, ocorrido em 25 de julho de 1966, quando uma bomba explodiu no saguão do aeroporto, matando Edson Régis de Carvalho (jornalista) e Nelson Gomes Fernandes (almirante), além de ferir outras 14 pessoas;

III – o atentado a bomba realizado pela Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), fundada por Carlos Araújo, então marido da senhora Dilma Rousseff, ocorrido no dia 26 de junho de 1968, vitimando fatalmente por dilaceramento o recruta do Exército Brasileiro Mario Kozel Filho, com pedaços de seu corpo espalhados em um raio de dez metros e ferindo outros seis militares no Quartel General do II Exército em São Paulo;

IV – o roubo de cofre contendo cerca de U$ 2,5 milhões realizado em 18 de julho de 1969, em Santa Teresa – RJ, por integrantes da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR- Palmares) que se encontrava na residência de Anna Gimel Benchimol Caprilione, secretária do então governador de São Paulo Adhemar de Barros;

V – as condições que possibilitaram que Vera Silva Magalhães, treinada em Argel e Cuba, fosse considerada uma das mais atuantes guerrilheiras no Brasil, combatendo o governo instituído à época, bem como sua participação e as circunstâncias do sequestro do Embaixador norte americano Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969;

VI – a execução em cárcere privado, amarrado e sem chances de defesa, do Tenente da Força Pública do Estado de São Paulo Alberto Mendes Júnior, em maio de 1970, por guerrilheiros da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), para ocultar a fuga do bando criminoso do Vale do Ribeira – SP;

VII – a participação de Carlos Eugênio da Paz no “justiçamento” de Marcio Leite de Toledo em 23 de março de 1971, após a decisão de execução de tribunal revolucionário da Ação Libertadora Nacional (ALN);

VIII – a participação da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), tendo à frente o guerrilheiro Carlos Eugênio da Paz, no assassinato de Henning Albert Boilesen, em 15 de abril de 1971, em São Paulo;

IX – a destinação de recursos de Cuba e/ou de outros países para financiar a luta armada no Brasil e o treinamento de guerrilha oferecido a brasileiros para viabilização da imposição da ditadura do proletariado nas décadas de 1960 e 1970, inclusive as condições em que o Senhor José Dirceu de Oliveira e Silva realizou operação plástica naquele país;

X – as condições em que o General Comandante do Exército Cubano Arnaldo Ochoa ofereceu 100 (cem) homens armados para a guerrilha no Brasil, como declarou o militante Carlos Eugênio da Paz, Comandante da Ação Libertadora Nacional (ALN);

XI – as condições em que o Comitê de Segurança do Estado da antiga União Soviética (KGB), forneceu carteira de identidade e salário ao jornalista Ancelmo Gois, como declarado por ele no Jornal da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em entrevista concedida em 14 de agosto de 2009;

XII – outros fatos, com base nos informes obtidos, visando à reconstrução da história de casos de graves violações de direitos humanos praticados por aqueles que se insurgiram contra o Estado Brasileiro, utilizando a prática de guerrilha, promovendo atos terroristas, assaltos, sequestros, estupros e assassinatos, bem como colaborar para que seja prestada assistência às vítimas de tais violações e seus familiares.

Art. 4º Para execução dos objetivos previstos no art. 3º, a CV se valerá das mesmas prerrogativas da Comissão instituída pela Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011 :

Art. 5º As atividades desenvolvidas pela CV e seu funcionamento serão executados nas mesmas condições em que foram realizadas pela Comissão instituída pela Lei 12.528, de 18 de novembro de 2011.

Art. 6º A Casa Civil da Presidência da República dará o suporte técnico, administrativo e financeiro necessário ao desenvolvimento das atividades da CV.

Art. 7º A CV terá prazo até 10 de dezembro de 2017, para a conclusão dos trabalhos, e deverá apresentar, ao final, relatório circunstanciado contendo as atividades realizadas, os fatos examinados, as conclusões e as recomendações.

Parágrafo único. Todo o acervo documental e de multimídia resultante da conclusão dos trabalhos da CV deverá ser encaminhado ao Arquivo Nacional para integrar o Projeto Memórias Reveladas.

Art. 8º O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei em 30 (trinta) dias.

Art. 9º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICAÇÃO

A verdade não é monopólio de qualquer segmento político. Uma comissão onde todos os integrantes são designados pela Chefe do Executivo, peça diretamente envolvida no período, perde sua credibilidade.

Nosso projeto visa conceder a oportunidade à mesma Comissão Nacional da Verdade (CNV) de preencher a lacuna em seu relatório, que omitiu os fatos de guerrilheiros e terroristas, treinados e financiados por países que nunca admitiram liberdade em seu solo, esclarecer e dar publicidade com o mesmo destaque, a participação de cada um em atos de sequestros, atentados a bomba, estupros, torturas, execuções de militares e civis na busca da implantação da ditadura do proletariado.

A CNV, instituída pela Lei nº 12.528, de 18 de novembro de 2011, sempre foi alvo de críticas oriundas de diversos setores, que ocasionaram dúvidas quanto à imparcialidade do colegiado, notadamente pautado em posicionamentos unilaterais, alheios ao contexto da época do regime militar.

Aquela comissão, em seu relatório, revelou-se revanchista e caluniosa, contra as Forças Armadas e Auxiliares, integrantes de outros órgãos de segurança, bem como de civis que deram suas vidas pela nossa liberdade.

Sala das Sessões, em 11 de dezembro de 2014.




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Jair Bolsonaro é Deputado Federal – PP/RJ.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Justiça nega mudança de nome da Ponte Rio-Niterói

Juiz alegou que sociedade é que deve decidir

Rio - A Justiça Federal do Rio negou o pedido de mudança do nome da Ponte Presidente Costa e Silva, conhecida pelos cariocas como Rio-Niterói. Na decisão publicada nesta sexta-feira e tomada no dia 18 de dezembro, o juiz Alberto Nogueira Junior alegou que esta seria uma medida impossível de tomar por via jurídica. Segundo ele, é uma questão política e deve ser decidida pela sociedade coletivamente, através de seus representantes no Legislativo.

O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal, que argumenta que Costa e Silva foi autor de grandes violações contra o povo brasileiro, responsável pelo endurecimento da ditadura militar e, por isso, não deve ter seu nome em um logradouro público.

Nogueira Júnior defendeu que, se o raciocínio do MP for levado ao extremo, "até mesmo os registros de nascimento e óbito do ex-Presidente Costa e Silva deveriam ser eliminados, afinal, os documentos também integram o patrimônio cultural brasileiro." Em sua decisão, escreveu que "idêntica providência teria que ser tomada com outros documentos históricos, como o selo Centenário de Portugal, contendo a efígie do Presidente Getúlio Vargas", argumentou o juiz.

A presidente Grupo Tortura Nunca Mais, Victória Lavínia, criticou que não há como comparar uma ponte a moedas que saíram de circulação. "Também não dá para comparar Vargas com os presidentes da ditadura militar", afirmou. A assessoria do MP afirmou que o órgão não irá se pronunciar até ser notificado a decisão. Ainda cabe recurso.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

O PERIGO

Por Antonio Delfin Netto
 

Depois de um extraordinário e justificado entusiasmo nacional por termos reencontrado o caminho da construção de uma sociedade "civilizada": 
  1. com o "milagre" da Constituição de 1988; 
  2. com o movimento de reequilíbrio geral iniciado, mas nunca terminado, pelo Plano Real de 1994/95 e, afinal 
  3. com a aceleração da inclusão social a partir de 2003 apoiada por um fantástico e passageiro donativo externo, terminamos 2010 com brilhante superação da maior crise econômica e social que o mundo conheceu depois da Segunda Guerra Mundial.

Com essa história, Dilma Rousseff elegeu-se com relativa facilidade. Os estresses internos estavam escondidos pela velocidade do crescimento e a condição externa estava mudando, o que exigiu um forte ajuste em 2011. O seu primeiro mandato foi testemunha do primeiro grito de desconforto da sociedade brasileira nos últimos 30 anos, e a sua reeleição marcada por um embate político de rara agressividade.

Nossa situação econômica é certamente delicada, mas claramente superável. O fenômeno mais grave que estamos vivendo, entretanto, é a generalização da recusa à política que está se apropriando de boa parte da juventude brasileira.

Sem perceber, ela tem sido vítima da mais incompetente história "engajada" ensinada há décadas nas escolas de todo nível (da base às universidades), sob os auspícios do MEC e de sindicatos de funcionários públicos que se acreditam "professores".

Com raras exceções, não aprenderam nada, nem da história pátria, nem da universal. Continuam comparando o socialismo "ideal" com o capitalismo "real", esquecendo o socialismo "real". Continuam ensinando que a "verdadeira" democracia é o sistema em que a "maioria" decide que a "minoria" não tem outro direito que não o de obedecer-lhes. É a matriz do pensamento autoritário que infecciona a sociedade e que sempre terminará numa "verdadeira" democracia de direita que dura 20 anos, ou numa "verdadeira" democracia de esquerda, em geral mais competente, que costuma durar pelo menos 70...

Quando a maioria da sociedade empodera pelo sufrágio universal um governo para atender a todas as suas vontades, o mais provável é que (inclusive a minoria que se negou a fazê-lo) vai entregar-lhe tudo, a começar por sua liberdade. Disso já sabiam os "founding fathers" da nação americana que construíram, na sua Constituição os mais altos obstáculos ao autoritarismo, sob o controle de um Supremo Tribunal, cuja função básica é garantir os inalienáveis direitos das minorias.

Os fatos dão razão à História: quem a ignora –que é o caso das nossas "direita" boçalizada e "esquerda" imbecilizada– está mesmo destinado a repeti-la.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Dilma terá que prestar contas de mais de R$ 2 TRI ao TCU

O Congresso Nacional há doze anos cruza os braços na fiscalização dos gastos dos governos Lula e Dilma. Nenhum relatório de prestação de contas do PT foi julgado, segundo o TCU. Agora a presidente terá seis meses para explicar porque escondeu rombo de mais de dois trilhões.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Diplomacia cada vez mais anã

Por João Luiz Mauad

Não foi à toa que o ex-porta voz do Ministério das Relações Exteriores israelense chamou o Brasil de “anão diplomático”.  A postura do Governo Dilma no recente episódio envolvendo a execução do brasileiro Marco Archer, na Indonésia, é a prova cabal de que o israelense estava coberto de razão.

Não cabe aqui entrar no mérito da pena de morte em si (a quem interessar possa, sou contra esta pena em quaisquer casos).  Entretanto, o fato é que, qualquer que seja a sua opinião sobre a pena de morte, a atitude do governo brasileiro tem sido prá lá de constrangedora,  especialmente quando nos lembramos que se trata de um intransigente defensor do não intervencionismo nos assuntos internos de outro país e do famigerado multiculturalismo – pelo menos quando isso se mostra conveniente e em conformidade com a ideologia dos barbudinhos ora no comando do Itamarati.

Não satisfeita de pedir clemência – uma atitude até compreensível -, Dilma agora se diz consternada com a execução, a ponto de convocar o embaixador brasileiro para consultas, ao mesmo tempo em que mandou entregar uma nota formal de protesto ao embaixador indonésio em Brasília.  São atitudes ostensivas que visam claramente a colocar as relações diplomáticas entre os dois países em zona de turbulência – não por acaso, cidadãos e jornalistas brasileiros já começam a enfrentar problemas na Indonésia.  Será que todo esse estardalhaço é realmente necessário?

Noves fora um certo nacionalismo bocó, o governo brasileiro alega que seus esforços em defesa da vida de Archer são justificados pelo fato de aqui não haver pena de morte – a nota entregue ao embaixador indonésio diz que “o recurso à pena de morte, que a sociedade mundial crescentemente condena, afeta gravemente as relações entre nossos países“.

Convenhamos: não é um argumento razoável.  Países como Estados Unidos e China também têm pena de morte.  Será que o governo deveria fazer a mesma coisa sempre que, num desses países, houvesse brasileiros no corredor da morte?  Ah! Mas nesses países a pena máxima é aplicada apenas em casos de homicídio qualificado.  O.K. Mas aqui não há pena de morte nem mesmo nesses casos, o que tornaria o argumento levantado pelo Brasil válido para todo e qualquer caso de aplicação da pena máxima a brasileiros no exterior.  Faz sentido?

Tudo somado, fica a impressão de estarmos diante de um governo fraco, emparedado pelos mais diversos escândalos, enfrentando dificuldades políticas e econômicas as mais diversas, porém ávido para tentar desviar a atenção dos problemas realmente importantes e tentando angariar alguns pontinhos junto à opinião pública, seja através de ações demagógicas ou criando inimigos imaginários.  Pensando bem, acho que “anão diplomático” é pouco.  O Governo Dilma está nos transformando num verdadeiro “inseto diplomático”.


Publicado originalmente no site do Instituto Liberal


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João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Radiografia de um Traficante: CURUMIM

O perfil de Marco Archer por um jornalista que conversou com ele 4 dias na prisão.


Nos bons tempos
Nos bons tempos
O repórter Renan Antunes de Oliveira entrevistou Marco Archer em 2005, numa prisão na Indonésia. Abaixo, seu relato:

O carioca Marco Archer Cardoso Moreira viveu 17 anos em Ipanema, 25 traficando drogas pelo mundo e 11 em cadeias da Indonésia, até morrer fuzilado, aos 53, neste sábado (17), por sentença da Justiça deste país muçulmano.

Durante quatro dias de entrevista em Tangerang, em 2005, ele se abriu para mim: “Sou traficante, traficante e traficante, só traficante”.

Demonstrou até uma ponta de orgulho: “Nunca tive um emprego diferente na vida”. Contou que tomou “todo tipo de droga que existe”.

Naquela hora estava desafiante, parecia acreditar que conseguiria reverter a sentença de morte.

Marco sabia as regras do país quando foi preso no aeroporto da capital Jakarta, em 2003, com 13,4 quilos de cocaína escondidos dentro dos tubos de sua asa delta. Ele morou na ilha indonésia de Bali por 15 anos, falava bem a língua bahasa e sentiu que a parada seria dura.

Tanto sabia que fugiu do flagrante. Mas acabou recapturado 15 dias depois, quando tentava escapar para o Timor do Leste. Foi processado, condenado, se disse arrependido. Pediu clemência através de Lula, Dilma, Anistia Internacional e até do papa Francisco, sem sucesso. O fuzilamento como punição para crimes é apoiado por quase 70% do povo de lá.

Na mídia brasileira, Marco foi alternadamente apresentado como “um garoto carioca” (apesar dos 42 anos no momento da prisão), ou “instrutor de asa delta”, neste caso um hobby transformado na profissão que ele nunca exerceu.

Para Rodrigo Muxfeldt Gularte, 42, o outro brasileiro condenado por tráfico, que espera fuzilamento para fevereiro, companheiro de cela dele em Tangerang, “Marco teve uma vida que merece ser filmada”.

Rodrigo até ofereceu um roteiro sobre o amigo à cineasta curitibana Laurinha Dalcanale, exaltando: “Ele fez coisas extraordinárias, incríveis.”

O repórter pediu um exemplo: “Viajou pelo mundo todo, teve um monte de mulheres, foi nos lugares mais finos, comeu nos melhores restaurantes, tudo só no glamour, nunca usou uma arma, o cara é demais.”

Em 2005, logo depois de receber a sentença de morte num tribunal em Jacarta
Em 2005, logo depois de receber a sentença de 
morte num tribunal em Jacarta
Para amigos em liberdade que trabalharam para soltá-lo, o que aconteceu teria sido “apenas um erro” do qual ele estaria arrependido.

Na versão mais nobre, seria a tentativa desesperada de obter dinheiro para pagar uma conta de hospital pendurada em Cingapura – Marco estaria preocupado em não deixar o nome sujo naquele país. A conta derivou de uma longa temporada no hospital depois de um acidente de asa delta. Ter sobrevivido deu a ele, segundo os amigos, um incrível sentimento de invulnerabilidade.

Ele jamais se livrou das sequelas. Cheio de pinos nas pernas, andava com dificuldade, o que não o impediu de fugir espetacularmente no aeroporto quando os policiais descobriram cocaína em sua asa delta.

Arriscou tudo ali. Um alerta de bomba reforçara a vigilância no aeroporto. Ele chegou a pensar em largar no aeroporto a cocaína que transportava e ir embora, mas decidiu correr o risco.

Com sua ficha corrida, a campanha pela sua liberdade nunca decolou das redes sociais. A mãe dele, dona Carolina, conseguiu o apoio inicial de Fernando Gabeira, na Câmara Federal, com voto contra de Jair Bolsonaro.

O Itamaraty e a presidência se mexeram cada vez que alguma câmera de TV foi ligada, mesmo sabendo da inutilidade do esforço.

Mesmo aparentemente confiante, ele deixava transparecer que tudo seria inútil, porque falava sempre no passado, em tom resignado: “Não posso me queixar da vida que levei”.

Marco me contou que começou no tráfico ainda na adolescência, diretamente com os cartéis colombianos, levando coca de Medellín para o Rio de Janeiro. Adulto, era um dos capos de Bali, onde conquistou fama de um sujeito carismático e bem humorado.

A paradisíaca Bali é um dos principais mercados de cocaína do mundo graças a turistas ocidentais ricos que vão lá em busca de uma vida hedonista: praias deslumbrantes, droga fácil, farta - e cara.

O quilo da coca nos países produtores, como Peru e Bolívia, custa 1.000 dólares. No Brasil, cerca de 5.000. Em Bali, a mesma coca é negociada a preços que variam entre 20.000 e 90.000 dólares, dependendo da oferta. Numa temporada de escassez, por conta da prisão de vários traficantes, o quilo chegou a 300.000 dólares.

Por ser um dos destinos prediletos de surfistas e praticantes de asa delta, e pela possibilidade de lucros fabulosos, Bali atrai traficantes como Marco. Eles se passam por pessoas em busca de grandes ondas, e costumam carregar o contrabando no interior das pranchas de surf e das asas deltas. Archer foi pego assim. Tinha à mão, sempre que desembarcava nos aeroportos, um álbum de fotos que o mostrava voando, o que de fato fazia.

O homem preso por narcotráfico passou a maior parte da entrevista comigo chapado. O consumo de drogas em Tangerang era uma banalidade.

Pirado, Marco fazia planos mirabolantes – como encomendar de um amigo carioca uma nova asa, para quando saísse da cadeia.

Nos momentos de consciência, mostrava que estava focado na grande batalha: “Vou fazer de tudo para sair vivo desta”.

Marco era um traficante tarimbado: “Nunca fiz nada na vida, exceto viver do tráfico.” Gabava-se de não ter servido ao Exército, nem pagar imposto de renda. Nunca teve talão de cheques e ironizava da única vez numa urna: “Minha mãe me pediu para votar no Fernando Collor”.
A cocaína que ele levava na asa tinha sido comprada em Iquitos, no Peru, por 8 mil dólares o quilo, bancada por um traficante norte-americano, com quem dividiria os lucros se a operação tivesse dado certo: a cotação da época da mercadoria em Bali era de 3,5 milhões de dólares.

Marco me contou, às gargalhadas, sua “épica jornada” com a asa cheia de drogas pelos rios da Amazônia, misturado com inocentes turistas americanos. “Nenhum suspeitou”. Enfim chegou a Manaus, de onde embarcou para Jakarta: “Sair do Brasil foi moleza, nossa fiscalização era uma piada”.

O momento em que ele recebeu a confirmação da data do fuzilamento
O momento em que ele recebeu, nesta semana, 
a confirmação da data do fuzilamento
Na chegada, com certeza ele viu no aeroporto indonésio um enorme cartaz avisando: “Hukuman berta bagi pembana narkotik’’, a política nacional de punir severamente o narcotráfico.

“Ora, em todo lugar do mundo existem leis para serem quebradas”, me disse, mostrando sua peculiar maneira de ver as coisas: “Se eu fosse respeitar leis nunca teria vivido o que vivi”.

Ele desafiou o repórter: “Você não faria a mesma coisa pelos 3,5 milhões de dólares?"

Para ele, o dinheiro valia o risco: “A venda em Bali iria me deixar bem de vida para sempre” – na ocasião, ele não falou em contas hospitalares penduradas.

Marco parecia exagerar no número de vezes que cruzou fronteiras pelo mundo como mula de drogas: “Fiz mais de mil gols”. Com o dinheiro fácil manteve apartamentos em Bali, Hawai e Holanda, sempre abertos aos amigos: “Nunca me perguntaram de onde vinha o dinheiro pras nossas baladas”.

Marco guardava na cadeia uma pasta preta com fotos de lindas mulheres, carrões e dos apartamentos luxuosos, que seriam aqueles onde ele supostamente teria vivido no auge da carreira de traficante.

Num de seus giros pelo mundo ele fez um cursinho de chef na Suíça, o que foi de utilidade em Tangerang. Às vezes, cozinhava para o comandante da cadeia, em troca de regalias.

Eu o vi servindo salmão, arroz à piemontesa e leite achocolatado com castanhas para sobremesa. O fornecedor dos alimentos era Dênis, um ex-preso tornado amigão, que trazia os suprimentos fresquinhos do supermercado Hypermart.

Marco queria contar como era esta vida “fantástica” e se preparou para botar um diário na internet. Queria contratar um videomaker para acompanhar seus dias. Negociava exclusividade na cobertura jornalística, queria escrever um livro com sua experiência – o que mais tarde aconteceu, pela pena de um jornalista de São Paulo. Um amigo prepara um documentário em vídeo para eternizá-lo.

Foi um dos personagens de destaque de um bestseller da jornalista australiana Kathryn Bonella sobre a vida glamourosa dos traficantes em Bali — orgias, modelos ávidas por festas e drogas depois de sessões de fotos, mansões cinematográficas.

Diplomatas se mexeram nos bastidores para tentar comprar uma saída honrosa para Marco. Usaram desde a ajuda brasileira às vítimas do tsunami até oferta de incremento no comércio, sem sucesso. Os indonésios fecharam o balcão de negócios.

As execuções são assim
As execuções são assim
O assessor internacional de Dilma, Marco Aurélio Garcia, disse que o fuzilamento deixa “uma sombra” nas relações bilaterais, mas na lateral deles o pessoal não tá nem aí.

A mãe dele, dona Carolina, funcionária pública estadual no Rio, se empenhou enquanto deu para livrar o ‘garotão’ da enrascada, até morrer de câncer, em 2010.

As visitas dela em Tangerang eram uma festa para o staff da prisão, pra quem dava dinheiro e presentes, na tentativa de aliviar a barra para o filhão.

Com este empurrão da mamãe Marco reinou em Tangerang, nos primeiros anos – até ser transferido para outras cadeias, à espera da execução.

Eu o vi sendo atendido por presos pobres que lhe serviam de garçons, pedicures, faxineiros. Sua cela tinha TV, vídeo, som, ventilador, bonsais e, melhor ainda, portas abertas para um jardim onde ele mantinha peixes num laguinho. Quando ia lá, dona Carola dormia na cama do filho.
A namorada

Marco bebia cerveja geladinha fornecida por chefões locais que estavam noutro pavilhão. Namorava uma bonita presa conhecida por Dragão de Komodo. Como ela vinha da ala feminina, os dois usavam a sala do comandante para se encontrar.

A malandragem carioca ajudou enquanto ele teve dinheiro. Ele fazia sua parte esbanjando bom humor. Por todos os relatos de diplomatas, familiares e jornalistas que o viram na cadeia de tempos em tempos, Marco, apelidado Curumim em Ipanema, sempre se mostrou para cima. E mantinha a forma malhando muito.

Para ele, a balada era permanente. Nos últimos anos teve várias mordomias, como celular e até acesso à internet, onde postou algumas cenas.

Um clip dele circulou nos últimos dias – sempre sereno, dizendo-se arrependido, pedindo a segunda chance: “Acho que não mereço ser fuzilado”.

Marco chegou ao último dia de vida com boa aparência, pelo menos conforme as imagens exibidas no Jornal Hoje, da Globo. Mas tinha perdido quase todos os dentes em sua temporada na prisão, como relatou a jornalista e escritora australiana. No Facebook, ela disse guardar boas recordações de Archer, e criticou a “barbárie” do fuzilamento.

Numa gravação por telefone, ele ainda dava conselhos aos mais jovens, avisando que drogas só podem levar à morte ou à prisão.

Sua voz estava firme, parecia esperar um milagre, mesmo faltando apenas 120 minutos pra enfrentar o pelotão de fuzilamento – a se confirmar, deixou esta vida com o bom humor intacto, resignado.

Sabe-se que ele pediu uma garrafa de uísque Chivas Regal na última refeição e que uma tia teria lhe levado um pote de doce-de-leite.

O arrependimento manifestado nas últimas horas pode ser o reflexo de 11 anos encarcerado. Afinal, as pessoas mudam. Ou pode ter sido encenação. Só ele poderia responder.

Para mim, o homem só disse que estava arrependido de uma única coisa: de ter embalado mal a droga, permitindo a descoberta pela polícia no aeroporto.

“Tava tudo pronto pra ser a viagem da minha vida”, começou, ao relatar seu infortúnio.

Foi assim: no desembarque em Jakarta, meteu o equipamento no raio x. A asa dele tinha cinco tubos, três de alumínio e dois de carbono. Este é mais rijo e impermeável aos raios: “Meu mundo caiu por causa de um guardinha desgraçado”, reclamou.

“O cara perguntou ‘por que a foto do tubo saía preta’? Eu respondi que era da natureza do carbono. Aí ele puxou um canivete, bateu no alumínio, fez tim tim, bateu no carbono, fez tom tom”.

O som revelou que o tubo estava carregado, encerrando a bem-sucedida carreira de 25 anos no narcotráfico.

Marco ainda conseguiu dar um drible nos guardas. Enquanto eles buscavam as ferramentas, ele se esgueirou para fora do aeroporto, pegou um prosaico táxi e sumiu. Depois de 15 dias pulando de ilha em ilha no arquipélago indonésio passou sua última noite em liberdade num barraco de pescador, em Lombok, a poucas braçadas de mar da liberdade.

Acordou cercado por vários policiais, de armas apontadas. Suplicou em bahasa que tivessem misericórdia dele.

No sábado, enfrentou pela última vez a mesma polícia, mas desta vez o pessoal estava cumprindo ordens de atirar para matar.

Foi o fim do Curumim.


Publicado originalmente no site “A Direita Brasileira em Ação

Últimas palavras de Marco Archer 



Últimas palavras públicas do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, 53 anos, executado na Indonésia, dia 17 de janeiro de 2014. Foram obtidas por celular, quatro dias antes da execução, pelo cineasta Marcos Prado, que prepara um documentário sobre a vida do instrutor de voo.

Fonte: YouTube

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

LEGITIMAÇÃO DO MAL

Por Maria Lucia Victor Barbosa

Os recentes atos terroristas perpetrados na França por fundamentalistas islâmicos levam a reflexões importantes, pois envolvem situações globais que atingem indivíduos isoladamente ou mesmo populações inteiras.

Para começar lembremos que a liberdade é essencial à vida, uma espécie de oxigênio que permite viver com dignidade. É fruto da sociedade ocidental capitalista, do Estado Liberal que evoluiu para o Estado Democrático de Direito. É um bem precioso que foi conquistado aos poucos, lembrando que sistemas totalitários como o comunismo e o nazismo extinguiram a liberdade e massacraram os que tentaram exercê-la, assim como os regimes ditatoriais.

Mas existe limite à liberdade de expressão? Pode a mídia ser antissemita, racista, achincalhar, insultar, tripudiar sobre valores incluindo os religiosos? E não me venham dizer que não posso perguntar isso ou que estou do lado do terror. Tenho direito de me expressar livremente enquanto o ministro petista Berzoine não baixar a cesura total.

Que fique bem claro de minha parte, que as charges sem graça e de péssimo gosto jamais justificariam a chacina dos chargistas levada a cabo pelos irmãos terroristas Chérif e Said Kouachi, na redação do jornal Charlie Hebdo, em Paris.  Defender o terrorismo e legitimar o mal é característica da esquerda primitiva e acéfala que culpa os franceses, os Estados Unidos, os judeus, a islamofobia, a direita pelos brutais assassinatos em nome da fé. Tudo indica que os grupos fundamentalistas sendo totalitários, expansionistas, tribais, medievais atraem irresistivelmente a esquerda que encontra naquelas organizações fanáticas ecos do seu próprio modo de ser, identificando-se com as mesmas.

Seguiram-se às mortes dos jornalistas o assassinato de quatro judeus em um supermercado Kosher, pelo terrorista, Amedy Coulibaly e sua amante, Hayat Boumeddiene. As quatro vítimas chamavam-se: Yoav Hattab, 21, Yohan Cohen, 20 (que salvou uma criança de três anos quando lutou com o terrorista), Philippe Braham, 45 e François Saada, 64.

Lembra Gilles Lapouge sobre os judeus na França (O Estado de S. Paulo, 14/01/2015), que “fundidos na sociedade francesa e sentindo-se franceses até a raiz dos cabelos, seus talentos (Bergson, Lévi-Strauss, Mendés France, Léon Blum, Montaigne e outras milhares de centenas de pessoas) levaram à incandescência o gênio da França, à beleza de sua civilização – excluindo, claro, o vergonhoso espetáculo da ocupação nazista (1940 – 44) quando o general Pétain empreendeu uma campanha de perseguição aos judeus”.

Contudo, passado um dia ou dois dos ataques terroristas tudo voltou ao normal e as afrontas, as agressões e ameaças aos judeus se multiplicaram. Uma contradição, sem dúvida, pois se milhões de franceses foram às ruas para defender a liberdade de expressão, por que alguns negam a outros a liberdade de existir?

Um dos irmãos Kouachi também matou o policial Ahmed Merabet, um mulçumano que ferido e deitado no chão pediu clemência, mas levou um tiro na cabeça. Coulibaly, um dia antes de entrar no Koscher atirou em dois policiais, sendo que a agente Clarissa Jean-Philippe, de 25 anos, morreu.

Os franceses acorreram às ruas para defender um valor que lhes é caro, a liberdade ou para defender sua sobrevivência. Afinal, o ato terrorista se seu dentro do seu território e atingiu o chamado Quarto Poder. Porém, há uma legitimação do mal que não é só apanágio da esquerda diante das facções jihadistas ou guerra santa. Afirmo isso porque houve mais espanto do que manifestações mundiais quando emissários de Bin Laden derrubaram as Torres Gêmeas em 11 de novembro de 2001. Atualmente ninguém se comoveu com o sequestro e assassinato de três jovens Israelense, ao que tudo indica pelos terroristas do Hamas cujo objetivo é dar fim a israel. Mulçumanos matam mulçumanos e fica por isso mesmo entre eles. O Boko Haram sequestra jovens que são estupradas, mantidas como escravas, vendidas, além de dizimar populações inteiras a ferro e fogo, algo que parece apenas uma notícia longínqua que não interessa a ninguém. Outras facções do Islamismo radical seguem atuantes como o Taleban e agora entra em cena o Estado Islâmico com seus degoladores, crucificadores de cristãos, experts em todo tipo de atrocidades. Isso se dá sob a indiferença, legitimação ou aceitação das maiorias que aguardam sua vez de se submeter. Afinal, Islã quer dizer submissão.

Está na hora do mundo se movimentar para valer em vez de ficar esperando a ação dos Estados Unidos para depois criticá-la. E nem menciono o Brasil porque aqui a governanta quer diálogo com o terror, como se isso fosse possível, enquanto já se diz que fundamentalistas recrutam jovens em nossas favelas. Só falta Maria do Rosário declarar que terroristas desumanos têm direitos humanos.

Publicado originalmente no site A Verdade Sufocada


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Maria Lucia Vitor Barbosa é socióloga - mlucia@sercomtel.com.br

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Psiquiatra síria desmoraliza conversa fiada que tenta transformar em culpados os alvos do primitivismo islâmico

A psiquiatra Wafa Sultan, nascida na Síria há 55 anos, e residente nos Estados Unidos transformou sua participação no programa da TV árabe Al-Jazeera em desmoralização da conversa fiada que responsabiliza os países ocidentais pela violência endêmica do fundamentalismo islâmico, e que transforma em culpados os alvos de muçulmanos radicais.

Com o conhecimento de quem viveu os dois lados do problema , e com experiência própria sabendo de como as mulheres são tratadas pelo primitivismo islamita em confronto com a civilização ocidental, a psiquiatra dá o seu recado em menos de cinco minutos.



Fonte: YouTube

“O confronto que estamos testemunhando no mundo não é um conflito entre religiões, ou um choque de civilizações... É um confronto entre dois opostos. É um confronto entre duas eras. É um choque entre uma mentalidade que pertence à Idade Média e outra mentalidade que pertence ao século XXI. É um confronto entre a civilização e o atraso." - Wafa Sultan