Por Gen Bda Paulo Chagas
Por formação e sentimento do dever militar, respeito e
admiro o Comandante do Exército, assim como respeitei e admirei os demais
Generais que, antes dele, exerceram a função.
Outra postura seria incoerente, pois ensejaria o
reconhecimento de que um “sem mérito” poderia chegar ao posto máximo da
carreira militar.
Assim, orgulho-me de dizer que conheci o Gen Enzo Martins
Peri como Cadete, quando ele era instrutor na Academia Militar das Agulhas
Negras, orgulho-me de saber que devo à sua geração grande parte da minha
formação militar e do conhecimento que tenho da história e dos méritos dos
Chefes Militares que nos antecederam e que sempre foram apontados como os
exemplos mais próximos a serem seguidos, muitos deles relacionados como
criminosos no relatório da comissão nacional da verdade, divulgado no último
dia 10 de dezembro.
Para ser breve, cito apenas o Marechal Humberto de Alencar
Castelo Branco, Patrono da minha turma de formação acadêmica, cuja obra,
pensamento e imagem estão perpetuados no hall de entrada da 3ª Subchefia do
Estado Maior do Exército e enaltecidos, para a lembrança de todas as gerações
de militares, na Escola de Estado Maior do Exército.
Para não ser injusto, cito também o Marechal-do-Ar Eduardo
Gomes, Patrono da Força Aérea Brasileira, herói da epopéia dos “18 do Forte”,
fundador do Correio Aéreo Nacional, herói da resistência à traição comunista de
1935, Ministro da Aeronáutica por duas vezes, exemplo de cidadão e de soldado!
A aceitação oficial de que o desrespeito aos direitos
humanos foi política de estado durante os 21 anos de governos militares e a
apresentação destes e de outros dignos e laureados Chefes Militares como
promotores do crime, eles que foram, durante décadas, citados como exemplos a
serem seguidos e exaltados, transforma em mentira tudo o que ouvi e aprendi com
meus superiores e que transmiti aos que me sucederam na carreira.
Não acredito que entre os atuais integrantes do Alto Comando
do Exército (ACE) apenas o Gen Sérgio Etchegoyen se tenha sentido ofendido e
impelido, à frente de sua família, a defender a honra do seu sobrenome.
Mesmo não tendo sido citados nominalmente na afronta, todos
foram ofendidos, porquanto a generalização inclui a todos que no período
exerceram funções de comando e de relevância!
Guardo, portanto, por coerência com o disse no início deste
texto, a expectativa de que não apenas o Comandante do Exército saia em defesa
dos que ele – durante toda a sua brilhante carreira – apresentou como certos,
dignos e exemplares, mas que, unidos em torno dele, todos os demais integrantes
do ACE manifestem seu repúdio ao que o Gen Etchegoyen, com propriedade,
elegância e concisão, chamou de leviandade!
O silêncio e o imobilismo neste grave e decisivo momento da
história das Forças Armadas brasileiras qualificarão a nós todos e,
particularmente, os mais antigos e graduados como mentirosos e falsos ou, pior,
como covardes e omissos diante da mentira e do achincalhe das instituições e de
seus antigos chefes e heróis!
Em qualquer tempo e lugar, forças armadas chefiadas por
criminosos que atentam contra os direitos humanos não são Forças Armadas são
quadrilhas!
A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea
Brasileira não são, nem nunca foram, quadrilhas e os seus atuais Comandantes,
com certeza, não permitirão que, “levianamente”, as FORÇAS ARMADAS DO BRASIL
assim sejam impunemente tratadas!
É o que espero e no que creio…
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